15/02/24 12h58

Porto de Santos e o de Roterdã estreitam laços para projetos

Dados são trocados entre o cais europeu e o santista; ideia é ampliar parcerias em projetos na área de sustentabilidade

A Tribuna

Embora ainda não exista uma parceria formal entre os dois, os portos de Roterdã, na Holanda, e o de Santos são muito próximos. A visita, em 2022, aos Países Baixos da comitiva Porto & Mar, com representantes do Grupo Tribuna e autoridades ligadas ao complexo portuário santista, foi muito importante para que esses laços fossem estreitados, reforçando as históricas relações entre os dois países, com origens na presença holandesa no Nordeste do Brasil durante o século 17. Transição energética, que inclui o desenvolvimento sustentável dos portos, e tecnologia nos mais diferentes ramos de atuação estão entre os aspectos a serem explorados.

“O grande interesse na Parceria Público-Privada, a Green Ports Partnership (Parceria de Portos Verdes), lançada em maio do ano passado entre a Holanda e o Brasil, onde vários portos, entidades públicas e empresas estão unindo forças para trabalhar juntos para o desenvolvimento de portos sustentáveis, é ilustrativo disso. E a intenção é que o Porto de Santos faça parte desta parceria”, afirma o gerente comercial internacional do Porto de Roterdã, Corné Hulst.

Importações e exportações

No ano passado, Holanda e Brasil vivenciaram um robusto intercâmbio de produtos, serviços e conhecimento. Os Países Baixos exportaram cerca de US$ 3 bilhões para o Brasil e importaram US$ 12,1 bilhões - aumento de 2,4% em relação a 2022. Se o complexo santista bate recordes sucessivos, com direito à liderança na exportação de muitos produtos, o de Roterdã se destaca como o maior da Europa, movimentando um volume anual de carga de 490 milhões de toneladas, ultrapassando em 50% o concorrente europeu mais próximo.

“Não estão previstos investimentos futuros de Roterdã em Santos. Porém, as empresas holandesas estão interessadas em Santos, o maior porto do Brasil, e continuam interessadas em oportunidades de investimento relacionadas com o desenvolvimento de terminais e infraestruturas portuários. E isso, evidentemente, depende da perspectiva estratégica a longo prazo e das condições para o investimento”, revela Hulst.

Formalmente, as relações diplomáticas entre os dois países tiveram início em 1828 com a assinatura do Tratado de Amizade, Navegação e Comércio. Ao longo das décadas, essas conexões bilaterais cresceram significativamente, especialmente nos setores econômico e comercial, promovendo uma parceria dinâmica, consistente e duradoura.

“Atualmente, a integração das cadeias globais de suprimentos para competitividade e eficiência é uma tendência predominante. As autoridades portuárias de Santos e Roterdã participam de discussões e compartilhamento de informações sobre digitalização e inovação nos portos, incluindo conceitos como portos inteligentes e portos digitais. Há, ainda, empresas holandesas atuantes no Porto de Santos, como Vopak, Van Oord e APM (Joint Venture BTP)”, detalha o gerente comercial internacional do Porto de Roterdã.

Hulst também acrescenta que existe boa e intensa cooperação entre a alfândega holandesa e a Receita Federal do Brasil. “Além de combater o tráfico de drogas, as duas organizações trabalham juntas na área do conhecimento e da inovação”.

Transição energética

De olho no futuro, a transição energética é um alvo importante para os portos de Roterdã e Santos. E sugestões existem por parte dos holandeses.

“Oportunidades de colaboração estão presentes no aprimoramento da infraestrutura de energia em terra para conectar navios à eletricidade, reduzindo assim a pegada de carbono nos portos. Ao oferecerem conjuntamente esses serviços aos armadores, os dois portos ganham uma vantagem competitiva na rota comercial”, detalha o gerente comercial internacional do Porto de Roterdã, Corné Hulst.

Segundo ele, os dois portos poderiam, tanto em nível bilateral quanto internacional, coordenar os tipos de infraestrutura a serem utilizados para a movimentação dos novos carregadores de energia. Além disso, a possível cooperação no desenvolvimento de novos combustíveis para navios se apresenta como uma via de benefício mútuo”, detalha Corné Hulst.

Dentro do assunto, outro caminho indicado por Roterdã é uma união de forças com o Brasil envolvendo o biometanol, produzido a partir da gaseficação de fontes sustentáveis de biomassa, como resíduos de gado, agrícolas, florestais e urbanos.

“O Brasil, equipado com os elementos necessários para a produção de combustíveis verdes e economicamente viáveis, como o biometanol, pode unir forças com o Porto de Roterdã, o segundo maior porto de abastecimento de combustíveis do mundo, para compartilhar insights de mercado e conhecimento inovador. Essa colaboração promete crescimento sustentável e responsabilidade ambiental na indústria marítima”, afirma o gerente comercial internacional.

Visita

Liderada pelo vice-prefeito de Roterdã, Robert Simons, uma delegação holandesa estará no Brasil entre os dias 3 e 7 de março, no âmbito do Green Ports Partnership. No período, a comitiva participará da Intermodal, na Capital, onde visitará o estande do Porto de Santos. O grupo também fará viagens aos complexos de Pecém e Rio Grande.

“Os portos já desempenham um papel estratégico na expansão das instalações portuárias para acomodar as necessidades do setor eólico offshore e sua interligação com o setor de hidrogénio verde, contribuindo para a transição energética. Até 2050, o fornecimento da energia holandesa deve ser quase completamente sustentável e neutro em termos de CO2 (dióxido de carbono ou gás carbônico)”, lembra o embaixador dos Países Baixos no Brasil, André Driessen.

Por outro lado, Driessen observa que o Brasil tem uma matriz energética renovável abundante e pode ter grande proveito com portos mais eficientes e modernos, incluindo uma expansão e adequação da sua infraestrutura energética sustentável.

 

Fonte: https://www.atribuna.com.br/noticias/portomar/porto-de-santos-e-o-de-roterda-estreitam-lacos-para-projetos