Por inovação, hospitais buscam aproximação com startups
ProtecA física Hilda Cerdeira e a engenheira Paula Gomez, além de mãe e filha, são também sócias em uma empresa de tecnologia na área de saúde. Elas criaram um aparelho – dois eletrodos que se ligam a um smartphone e a um relógio inteligente – e que é capaz de antever surtos de epilepsia pelo menos 25 minutos antes dele acontecer.
O equipamento ainda não existe na prática, só no papel. Mesmo assim, elas acabam de faturar a primeira edição de um concurso de startups lançado pelo Hospital Sírio-Libanês e a consultoria norte-americana Everis, um programa que desde maio deste ano busca inovação em uma área considerada carente de empreendedores, mas não de recursos para investimento.
De fato, a dificuldade em atrair cientistas e boas ideias no ramo tem impulsionado o surgimento de programas de apoio para startups capitaneados por grandes corporações no Brasil.
Segundo dados da PwC, os fundos de investimento e em presas do ramo da saúde devem injetar R$ 17,43 bilhões ao PIB nacional até 2017 em projetos de inovação como o de Hilda e Paula, sócias da Epistemic.
Elas, por enquanto, receberam R$ 50 mil, valor pago como prêmio pelo concurso do Sírio-Libanês. O dinheiro, dizem, será aportado nas próximas fases do desenvolvimento do equipamento. “O software está pronto e os eletrodos estão em desenvolvimento”, explica Paula. “A previsão é lançar o dispositivo no início de 2018”, conta ela que para conquistar o aporte concorreu com outras 93 startups e projetos que vão de aplicativos para internet até acessórios vestíveis, como o da empresa Epistemic.
“Existe uma tendência de crescimento dessas iniciativas (envolvendo startups) na área da saúde”, afirma Eugênio Galdón, presidente da Fundação Everis, que enumera dois pontos para a crença. A primeira, ele destaca, é o fato de que a inovação é inerente a um setor que se dedica, em tempo integral, a encontrar formas de desenvolver novos métodos de diagnóstico e tratamentos mais eficientes. “Em segundo, trata-se de um setor em evolução constante e esse tipo de parceria pode contribuir de forma efetiva para ampliar e movimentar de forma mais rápida as engrenagens da inovação”, conclui.
O superintendente de pesquisa do Sírio-libanês, Luiz Fernando Lima Reis, concorda com Galdón. Ele, no entanto, faz um alerta à uma lacuna representada pelo distanciamento entre universidades e empreendedores de startups. “A universidade precisa ter uma maior preocupação não só com a geração de conhecimento, mas com a transformação de conhecimento em produtos e processos para a sociedade. “Esse é um desafio da inovação no Brasil”, afirma.
Feira
Outro concurso de startups na área de saúde é mantido pelo Hospital Albert Einstein. O evento já em sua quarta edição. Nele, o hospital seleciona quatro startups para se apresentarem na feira Hospitalmed, que acontece sempre no final do ano. O endereço para se cadastrar no concurso é o inovaeinstein.com.br.