30/03/08 11h13

Política industrial eleva compras públicas

Folha de S. Paulo - 30/03/2008

O governo Lula investirá nas compras públicas e no consumo das famílias como instrumentos para tentar impulsionar 24 setores da economia na sua nova política industrial, elaborada pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, e pelo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho. Estão previstos R$ 256 bilhões (US$ 145,5 bilhões) em financiamentos públicos e desoneração de impostos para a indústria até 2010. Principal pedido dos empresários, o tamanho da redução da carga tributária ainda depende de uma palavra final do Ministério da Fazenda. Alguns setores, como o naval e de informática, porém, devem receber incentivos maiores para aumentar a produção e as vendas internas. A nova política visa quatro macrometas até 2010: 1) aumentar a taxa de investimento do país de 16,5% do PIB (Produto Interno Bruto), registrado em 2006, para 21% do PIB, em 2010; 2) elevar os gastos em pesquisa de 0,51% (2006) para 0,65% do PIB; 3) crescer de 1,15% para 1,25% a participação das exportações brasileiras no mercado internacional; e 4) aumentar em 10% o número de micro e pequenas empresas exportadoras. Para atingir suas metas, por exemplo, o governo aposta em compras governamentais de R$ 12 bilhões (US$ 6,82 bilhões) por ano até 2011 para incentivar o setor industrial de saúde no país. Ainda na área de compras públicas, promete baixar medidas para que as Forças Armadas ampliem suas aquisições da indústria aeronáutica nacional. A política industrial prometida pelo governo classifica seis setores como estratégicos -saúde, energia, tecnologias da informação e comunicação, defesa, nanotecnologia e biotecnologia. Eles receberão atenção, financiamentos e políticas específicas para ultrapassar deficiências tecnológicas do país. A política industrial do governo também reserva espaço para ajudar empresas que já tenham destaque ou mesmo liderança em seus mercados. Para seis setores -aeronáutico, mineração, siderurgia, papel e celulose, petroquímica e carnes-, a idéia é "consolidar e expandir a liderança".