Pirelli avança na América Latina com investimento de US$ 1 bilhão
Brasil Econômico
Brasil receberá metade dos recursos da fabricante de pneus, que prepara fábrica no México e Argentina
O cenário é o imponente Yas Viceroy Hotel, um cinco estrelas por onde passa, literalmente, o circuito de Fórmula 1 (F1) de Abu Dhabi. Mais de 150 jornalistas de todo o mundo se aglomeram num pequeno auditório à espera do grande momento e quando ele acontece, fotógrafos e cinegrafistas se atropelam em busca do melhor ângulo. Alguma top model? Uma estrela de Hollywood? Nada, o frisson é por conta dos novos pneus da temporada 2012 da F1.
Se a ideia era causar impacto, certamente a Pirelli conseguiu. A marca, que passou quase duas décadas fora do evento, voltou em 2011 mas parece que só agora se sente à vontade para dizer a que veio. E ela quer alcançar, até 2015, a liderança do mercado global de pneus - lugar hoje ocupado pela japonesa Bridgestone. “A F1 é a vitrine que precisamos para exibir nossos produtos. Nosso alvo é o segmento premium e não há laboratório melhor para mostrar a tecnologia que desenvolvemos”", diz um cansado Mario Tronchetti Provera, o CEO e presidente da fábrica italiana de pneus, em mais uma rodada de entrevista para atender jornalistas divididos por país e por região.
Para falar de América Latina, que responde por 34% da receita da empresa de € 5,8 bilhões em 2011, Provera parece mais animado. Ele acaba de anunciar que a empresa vai construir uma fábrica na Argentina, “as obras começam dentro de alguns meses” e que a nova unidade erguida no México, para abastecer os países do Nafta (Tratado Norte- Americano de Livre Comércio, que abrange Estados Unidos, Canadá e México), começa a operar dentro de dois meses.
Toda a região receberá investimentos de US$ 1 bilhão—metade dos quais será aplicada no Brasil. E quando o assunto é o mercado brasileiro, Provera toma um ar quase solene. É o principal mercado da marca, onde a Pirelli mais vende pneus no mundo. Tamanho investimento na América Latina, e no Brasil especialmente, fazem parte da estratégia de corte de custos da fabricante italiana de pneus. Os resultados da companhia referentes a 2011 só serão divulgado sem março mas, nos últimos cinco anos a empresa amargou prejuízo em três deles.
A prioridade da Pirelli no Brasil é modernizar as cinco fábricas que a empresa mantêm no país — nas cidades paulistas de Santo André, Campinas e Sumaré, em Gravataí, no Rio Grande do Sul, e em Feira de Santana, na Bahia. “Além desses valores, vamos investir cerca de US$ 23 milhões em um novo centro de pesquisa e desenvolvimento”, completa o executivo. A nova pista de testes da Pirelli ficará em São Bernardo do Campo.