PIB da RA de Campinas atinge melhor resultado em 18 meses
Soma dos bens e serviços produzidos nas 90 cidades da região cresceu 2,5% no segundo trimestre deste ano em comparação ao período anterior
Correio PopularO Produto Interno Bruto (PIB) da Região Administrativa (RA) de Campinas foi de R$ 163,58 bilhões no segundo trimestre deste ano, o melhor resultado em 18 meses, de acordo com estudo divulgado pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). A soma de todos os bens e serviços produzidos cresceu 2,5% entre abril e junho em comparação ao trimestre anterior (jan/mar) – R$ 149,37 bilhões — já com o ajuste sazonal. Esse foi o terceiro melhor resultado entre todas as regiões do Estado de São Paulo.
O levantamento mostrou que 18 das 20 regiões paulistas apresentaram crescimento, com a primeira colocação sendo da RA de Itapeva, com alta de 3,6%, e a de Registro na segunda posição, 2,8%. Campinas empatou com outras duas regiões, as de São José do Rio Preto e a Metropolitana de São Paulo. Em valores absolutos, o maior PIB anterior na RA de Campinas, formada por 90 municípios, foi registrado no quarto trimestre do ano passado, quando foi de R$ 161,07 bilhões.
O economista Rodolfo Moraes Batistella analisou que os dados mostram que a economia cresce acima do esperado. Ele pontuou que vários indicadores apontam para um desempenho em alta, como mercado de trabalho aquecido, aumento dos investimentos, renda em alta e crescimento do consumo das famílias em 2024. “Eu também destacaria a recuperação do mercado de crédito, com um aumento das concessões de crédito tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas, além de um recuo, ainda que moderado, do comprometimento de renda das famílias com serviços da dívida”, afirmou o economista que atua em uma corretora de investimentos e câmbio.
Dados positivos
A RA de Campinas criou 84.122 empregos com carteira assinada de janeiro a agosto, aumento de 16,81% em comparação aos 72.016 de igual período de 2023. O saldo acumulado na criação de novas vagas nos oito primeiros meses deste ano é equivalente à soma da população de duas cidades da Região Administrativa, Holambra e Monte Mor. É como se todos os moradores desses municípios tivessem sido empregados.
Os dados da fundação mostram que todos os setores econômicos analisados apresentam saldo positivo em 2024. A lista é liderada pelos serviços, com a criação de 36.080 postos de trabalho, seguido pela indústria (24.512), construção civil (8.673), comércio (6.884) e agricultura (7.973). A empresa líder do mercado de carne bovina no país é um exemplo de novo investimento e geração de emprego. Ela inaugurou no início deste mês, em Indaiatuba, seu novo Centro de Distribuição (CD) do Estado de São Paulo.
A empresa destinou R$ 1,3 milhão para a nova unidade, compartilhando um prédio de 6,7 mil metros quadrados (m²) de área construída com um parceiro do setor logística. Os recursos foram destinados para compra de tecnologia de informática (TI) e móveis. O novo CD atenderá cerca de 4,3 mil clientes em aproximadamente 100 cidades, localizadas nas regiões de Campinas, Piracicaba, Itapetininga e Macro Metropolitana de São Paulo.
Localizado a 7,6 quilômetros do Aeroporto Internacional de Viracopos, o Centro de Distribuição também poderá ser usado para exportações. A empresa mantém negócios com 190 países, entre eles Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e China. “O novo CD ampliará a capacidade logística, com aumento da capacidade de estocagem e da frota de caminhões, e reafirma o compromisso da empresa com o nível de serviço prestado aos clientes, além de gerar emprego e renda para a região”, explicou o gerente regional de Logística da companhia, Jorimar Basso. Ela é uma das maiores empregadoras do Brasil, com 150 mil colaboradores.
A Seade também revelou em pesquisa que foram anunciados R$ 13,79 bilhões em investimentos na Região Administrativa de Campinas neste ano. O montante representa 8,96% dos R$ 153,98 bilhões divulgados para o Estado de São Paulo. Na RA, 69,95% dos investimentos foram anunciados por empresas do setor automotivo, totalizando R$ 9,65 bilhões. Outros R$ 2 bilhões são para serviços de informação (com participação de 14,5%), seguido por R$ 1 bilhão para indústrias de alimentos (7,2%), R$ 529 milhões para a produção de celulose e papel (3,83%) e R$ 480,5 milhões para pesquisa e e desenvolvimento (3,48%). Os setores farmacêutico, atacado, máquinas e equipamentos elétricos foram outros que anunciaram investimentos.
Outros dados
No primeiro semestre deste ano, o PIB da Região Administrativa somou R$ 312,96 bilhões, aumento de 1,7% em relação ao mesmo período de 2023, quando o valor foi de R$ 299,55 bilhões. Para o economista Rodolfo Batistella, a tendência é de o Produto Interno Bruto seguir em alta no segundo semestre, apesar do aumento da taxa de juros. “Isso prejudica os investimentos e o crédito para o consumidor, mas a economia tem dados sinais de seguir em alta.”
No mês passado, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, aumentou a Selic, juros básicos da economia, em 0,25 ponto percentual, com a taxa chegando a 10,75% ao ano. O órgão sinalizou ainda a possibilidade de nova alta até o final de 2024. Apesar da decisão, o desempenho da economia fez a Confederação Nacional da Indústria (CNI) aumentar a previsão do aumento do PIB deste ano de 2,4% para 3,4%. O Informe Conjuntural da entidade divulgado no último dia 21 fez a revisão com base no resultado da economia no primeiro semestre do ano.
O superintendente de Economia da confederação, Mário Sérgio Teles, ressaltou que o principal motivo da revisão foi o aumento do consumo e dos investimentos, que se mostraram mais fortes e surpreenderam positivamente. “A CNI aumentou a previsão do PIB de 2024, principalmente, por causa do desempenho da economia no primeiro semestre, que foi muito positivo, acima das nossas expectativas. Além disso, os fatores que têm contribuído para o crescimento não devem desaparecer até o fim do ano, e o segundo semestre vai ter como base de comparação o período mais fraco da atividade em 2023”, detalhou.
Desempenho geral
A Fundação Seade também revelou que o crescimento do PIB da RA de Campinas acompanhou o desempenho do Estado de São Paulo, que foi R$ 853,04 bilhões no segundo trimestre deste ano. O valor representou crescimento de 2,5% em comparação aos R$ 793,45 bilhões de janeiro a março de 2024, já considerando os ajustes sazonais. De acordo como estudo, apenas as Regiões Administrativas de Araçatuba (-0,1%) e de Bauru (-1,9%) apresentaram queda no Produto Interno Bruto.
O levantamento apontou ainda que a RA de Campinas é a segunda com a maior participação no PIB paulista, 19,3% do total. Ela fica atrás apenas da Região Metropolitana de São Paulo, com 51,6%. A terceira colocação é ocupada pela RA de São José dos Campos (5,5%), vindo em seguida Sorocaba (5%) e Santos (2,9%). As regiões de São José dos Campos e Sorocaba tiveram crescimento do PIB de abril a junho deste ano de 2,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já a de Santos registrou alta de 1,8% em igual período. Entre as RAs que também tiveram resultado positivo estão as de Ribeirão Preto (1,3%) e de Presidente Prudente (2%).