PIB cresce 8,9% no primeiro semestre
Folha de S. Paulo 04/09/10
Nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, acertou. O PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre do ano surpreendeu e cresceu 1,2% sobre o período anterior, entre janeiro e março. O Brasil cresceu até junho 8,9% em termos anualizados. Deixou para trás a forte aceleração do primeiro trimestre, mas permaneceu (e permanece no terceiro trimestre) entre as economias que mais crescem no mundo. "Tivemos um crescimento igual ao da Índia e um pouco inferior ao da China na comparação anual", diz Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O preço disso tem sido um forte aumento da dependência de dólares de fora para financiar rombos crescentes nas contas externas. A necessidade de financiamento pode chegar a mais de US$ 50 bilhões neste ano.Além disso, foi o setor público, em ano eleitoral, o único a aumentar os gastos, na composição do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior. Nessa comparação, se desaceleraram o consumo das famílias, os investimentos do setor produtivo e as exportações. Mas os gastos do governo subiram, de 0,8% no primeiro trimestre para 2,1% no segundo. "É normal que haja uma aceleração dos gastos em anos eleitorais", diz Palis. Em valores correntes, segundo o IBGE, os gastos da administração pública representaram 19,2% do PIB no segundo trimestre do ano.
Nos três primeiros meses de 2010, o crescimento do PIB havia sido de 2,7% na comparação com os meses prévios. E de 9% ante o primeiro trimestre de 2009.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o PIB deve ter um crescimento médio de 0,7% nos dois últimos trimestres de 2010, sempre ante os três meses anteriores. "Esperamos um crescimento moderado no terceiro trimestre e no quarto, fazendo com que a economia venha a crescer em torno do equilíbrio a longo prazo", afirmou Meirelles. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já é possível "assegurar expansão de pelo menos 7%, que poderá ser até maior", em 2010.