10/06/09 14h35

PIB cai 0,8%, mas consumo e serviços atenuam recessão

Folha de S.Paulo

A produção de máquinas e equipamentos, as obras de infraestrutura, as exportações e as importações tiveram quedas dignas de uma depressão econômica. Já salários, compras do dia a dia e serviços básicos como saúde e educação perderam o ímpeto de meses atrás, mas voltaram a crescer.

O retrato da produção nacional no primeiro trimestre do ano, divulgado ontem pelo IBGE, mostra um alívio imediato dos efeitos da crise global para a maior parte da população brasileira -afinal, o setor de serviços é o que mais emprega, o gasto público se mantém em alta e o consumo das famílias move quase dois terços da economia.

Tudo somado, o PIB do país no primeiro trimestre teve queda de 0,8% na comparação com o último trimestre do ano passado, que já havia contabilizado uma perda de 3,6%, a maior desde que o Plano Collor promoveu o confisco da poupança e demais depósitos bancários, em 1990. Pela regra de identificação mais universalmente adotada, o país entrou em recessão com dois trimestres consecutivos de queda do Produto Interno Bruto -a medida da renda nacional que compreende indústria, agropecuária, comércio e serviços, consumo privado, gasto público, investimentos, exportações e importações. Na pesquisa periódica feita pelo Banco Central, as estimativas do mercado apontavam um PIB no primeiro trimestre 2,2% menor que o do mesmo período de 2008 -a queda medida pelo IBGE foi de 1,8%, ainda assim a maior desde o final de 1998, quando o país vivia os efeitos da crise russa.

Vistos mais de perto, os números mostram que a recessão, na sua definição mais vulgar, não chegou para todos, nem sequer para a maioria. Basta dizer que o setor de serviços, em que estão 60% do PIB, não caiu por dois trimestres consecutivos: teve expansão de 0,8% no primeiro trimestre, após a queda de 0,4% no final de 2008.