Pfizer dá início à concentração de operações do Brasil
Valor EconômicoA multinacional americana Pfizer começou, neste ano, o processo de consolidação das operações de sua atividade em saúde humana em um único site no Brasil, que fica na cidade de Itapevi, na Grande São Paulo. Dona de marcas e produtos como Lípitor, Celebra, Centrum, Advil, Viagra e Magnésia Bisurada, a farmacêutica se estrutura para atender à expansão do mercado brasileiro, bem como elevar exportações para a América Latina.
A companhia está concluindo investimento de US$ 27 milhões, com recursos próprios, nesse projeto. Com isso, ela aumenta sua capacidade de produção de 20 milhões para 48 milhões de unidades ao ano no site de Itapevi.
O engenheiro industrial peruano Joaquin Barreto, diretor de manufatura da empresa, que trabalha no grupo há 32 anos e está há 12 no Brasil, disse que a plena capacidade será alcançada gradualmente ao longo deste ano e de 2016. "Foi uma decisão estratégica: com inovação de tecnologias passamos a fabricar outras fórmulas farmacêuticas".
O investimento, disse ele, trouxe para a unidade fabril maior capacitação tecnológica e de processos e vai permitir diversos ganhos em custos e de escala de produção, sinergias de processo e sistemas, bem como ampliação das famílias de produtos.
Segundo Barreto, a Pfizer vai adicionar 20 famílias de medicamentos às 18 existentes hoje na fábrica de Itapevi. Uma boa parte virá da unidade industrial situada em Guarulhos (SP), que passou a pertencer à Zoetis, uma nova companhia, criada para se dedicar exclusivamente à área de saúde animal.
Toda a transferência vai ocorrer ao longo deste semestre, de acordo com a companhia. "Estamos em um momento de transição, que deve se estender por alguns meses", informou. Nesse período, alguns medicamentos continuarão ainda a ser fabricados em Guarulhos.
Itapevi, criada em 1999, está recebendo novos equipamentos para manufatura, embalagens e para o laboratório, além de ter a área das linhas de produção ampliada em 32%. "Foi toda modernizada", disse Barreto. Assim, diz ele, ficará apta a manufaturar novas formas farmacêuticas, como cápsulas e comprimidos revestidos, até agora não produzidos nessa unidade fabril.
A quantidade de "apresentações" de medicamentos (formato do produto), conforme a fabricante, praticamente dobrará - de 323 para 619.
Segundo o executivo, até 2017 a previsão é conseguir um aumento gradativo no volume de exportação, a depender das aprovações regulatórias de cada país da América Latina. Atualmente, vende para Argentina, Chile, Colômbia e México, entre outros, e América Central.
Em 2013, obteve receita de R$ 132 milhões com esse mercado. Os principais produtos exportados foram o Lípitor (controle do colesterol), Ponstan (cólicas) e Viagra (disfunção erétil).
Em 2013, a subsidiária brasileira da Pfizer faturou R$ 4,1 bilhões, ante US$ 51,6 bilhões no mundo. A empresa tem 2,8 mil funcionários no país, e a expansão de Itapevi vai adicionar 120 outros ao quadro de pessoal.
Sobre o processo de entrada no segmento farmacêutico de medicamentos genéricos, com a aquisição de 40% do capital do laboratório nacional Teuto, localizado em Goiás, a Pfizer informou que continua como parceira da fabricante brasileira.
"A companhia continua avaliando uma potencial aquisição dos 60% restantes do Teuto", declarou em nota. Segundo a multinacional, a decisão pode ser tomada durante um período que se iniciou no começo de 2014 e vai até 2016, conforme acordo firmado entre as duas empresas.
A companhia acrescentou na nota ao Valor que, apesar de ainda não ter tomado uma decisão final, "a Pfizer continua nesse processo de análise, avaliando qual é o melhor momento para tomar a decisão, levando em consideração os interesses de ambas as companhias".
Segundo Barreto, não há nenhuma decisão da companhia de vir a produzir genéricos na fábrica de Itapevi, mesmo com a expansão de 130% de sua capacidade.