19/02/08 11h19

Petróleo, nova base para negociações de álcool na Copersucar

Valor Econômico - 19/02/2008

A gigante Copersucar fechou um megacontrato para entrega de álcool com seu preço indexado ao petróleo. Esse tipo de contrato começa a ganhar corpo no Brasil à medida que a produção mundial de etanol se consolida como energia e dá mostras de que deverá superar a oferta de açúcar nos próximos anos. Com faturamento de quase US$ 2,5 bilhões, a Copersucar será a fornecedora exclusiva de álcool para a multinacional Solvay do Brasil. Esse contrato, fechado por um período de dez anos, prevê a entrega de cerca de 150 milhões de litros por ano para que a indústria substitua o nafta, derivado do petróleo, na produção de PVC. Esta é a primeira vez que a Copersucar faz um contrato tão longo para o álcool - e com o preço atrelado ao petróleo -, afirma Hermelindo Ruete de Oliveira, presidente do conselho de administração da companhia. Como o nafta é derivado do petróleo, o álcool industrial que será usado para substituir a matéria-prima terá sua cotação atrelada ao óleo bruto. No Brasil, grandes grupos exportadores de álcool combustível começaram a atrelar, há pelo menos dois anos, o preço do produto ao da gasolina, seguindo o mesmo raciocínio do petróleo. O risco destes contratos é que os preços do petróleo desabem. Analistas ouvidos pelo Valor não acreditam que os preços do petróleo voltem aos patamares de US$ 30 por barril. Até há pouco tempo, as cotações do álcool - combustível e industrial - estavam atrelados ao açúcar no mercado internacional. No mercado interno, a formação de preços para o álcool é o índice Cepea/Esalq, lembra Marcelo Andrade, da Ecoflex Trading. Com 35 usinas associadas para esta nova safra, a 2008/09, ante 31 do ciclo passado, a Copersucar está crescendo cerca de 20%. Na safra 2007/08, a moagem de cana ficou em torno de 65 milhões de toneladas. Para este ano, deve ficar em torno de 80 milhões de toneladas de cana.