08/06/11 11h27

Petrobras traz técnicas inéditas para o Brasil

Valor Econômico

Janeiro de 2011: um dirigível, estilo Zeppelin, de 20 metros de comprimento e 7 de altura, cruza os ares das cidades de Guararema, Ribeirão Pires e Mauá. Não se trata de passeio turístico e nem do renascimento do veículo de transporte aéreo criado pelos alemães e que fez muito sucesso na década de 1930. Esse é um dirigível não tripulado e sua missão é monitorar cuidadosamente as obras de construção dos gasodutos Gasan 2 (Mauá-São Bernardo do Campo) e Gaspal (Rio de Janeiro-São Paulo). A primeira "patrulha aérea" foi feita no dia 6 de janeiro.

O volume gigantesco de obras, com investimentos previstos de US$ 224 bilhões em quatro anos (2010/2014), e a necessidade de reduzir os custos e o tempo das obras, aumentando a produtividade, está levando a Petrobras a buscar soluções de engenharia inéditas no Brasil, muitas delas antes inviabilizadas pela insuficiência de volume de serviços. E a busca da estatal estimula as empresas domésticas a desenvolverem ou importarem tecnologias para disputar o filão de serviços.

É também buscando reduzir a perda de preciosas horas, as vezes semanas e até meses nos canteiros de obras, que a estatal começou a experimentar a complicada instalação de gigantesca coberturas sobre os canteiros para evitar a paralisação dos trabalhos nos períodos chuvosos. Recentemente, na região de Guararema (SP), foi instalada, com sucesso, uma cobertura de 3,5 quilômetros de extensão para permitir o prosseguimento de obra de instalação de dutos. Também em Guararema foi instalada uma cobertura de 17 mil metros quadrados - mais de duas vezes o gramado do estádio do Morumbi - por 43 metros de altura para permitir a instalação de uma estação de bombeamento de combustíveis sem risco de paralisação da obra por causa de chuvas.

Na área de tubulações e soldagens são muitas as novidades que a estatal e o mercado em geral estão testando para ganhar tempo e reduzir preços. Uma das soluções em fase de testes é o acoplamento de peças sem necessidade de solda ou parafuso, utilizando tecnologia com luvas de pressão. Ainda na área de soldagem, paralelamente à busca por alternativas automáticas e semi-automáticas à tradicional tecnologia do eletrodo, a Petrobras está incorporando outras novidades, como a chamada "máscara de escurecimento rápido e automático", uma máscara de soldagem que evita a necessidade de o soldador levantá-la, como acontece com a máscara tradicional, para enxergar o ponto exato da soldagem.

De acordo com o engenheiro Sergio Donizete, gerente setorial de Desenvolvimento de Tecnologias de Construção e Montagem da estatal, apenas o uso dessa máscara permite ganho de produtividade de até 30% no processo de soldagem. O uso de robôs, muito difundido na indústria automobilística, também é cogitado, mas o engenheiro admite que essa técnica tem limitações por não haver nas obras da Petrobras muitos procedimentos repetitivos. Ele avalia que a robótica talvez possa vir a ser utilizada na construção de navios.