03/05/11 11h36

Petrobras revê plano de investimento para o pré-sal

Valor Econômico

Sem muito alarde, a Petrobras revisou seu plano de investimentos para o pré-sal da bacia de Santos, chamado Plansal, no período 2011-2015. Os investimentos próprios (sem contar o das sócias BG, Repsol e Galp) saltaram de US$ 33 bilhões para US$ 54 bilhões, um aumento de 63,6%. Contando com as sócias, será aportada até 2015 a soma de US$ 73 bilhões.

O plano anterior previa US$ 33 bilhões de investimentos no pré-sal até 2014, quando a produção chegaria a 241 mil barris por dia e agora a Petrobras vai fechar 2015 produzindo 613 mil barris de óleo por dia operados pela companhia, dos quais 108 mil barris se referem à parte que lhe cabe na produção (60%). A divulgação dos novos números, que equivalem a uma espécie de plano estratégico só para o pré-sal dessas áreas, depois do fechamento do mercado na sexta-feira surpreendeu os analistas. A expectativa é de que a companhia divulgue seu plano de investimentos até 2015 este mês.

Para o analista Marcus Sequeira, do Deutsche Bank, o mercado agora terá que superar seu medo da necessidade de um novo aumento de capital. E elenca cinco preocupações. "Nosso desejo é que a direção (da companhia) revele um plano de investimentos que seja baseado em projeções macroeconômicas conservadoras, porque de outro modo a companhia vai parecer vulnerável a um potencial enfraquecimento dos preços do petróleo", diz o analista em relatório para clientes divulgado no domingo.

A segunda preocupação é que a Petrobras apresente investimentos menores para o refino, e em terceiro que convença o mercado que a companhia é capaz de carregar esse investimento sem a necessidade de capital adicional. O analista também diz que é preciso "evitar novos gastos orientados politicamente" e, por último, espera que a Petrobras forneça uma indicação de quando será o ponto de inflexão nos investimentos totais. O analista do Deutsche frisa ainda que se o novo plano de investimento para o pré-sal seja a única mudança no atual programa, o que o próprio Sequeira ressalta ser "altamente improvável", o investimento nos próximos cinco anos subiria de US$ 224 bilhões para US$ 245 bilhões. Mas ele observa que o investimento para 2011 é de US$ 55 bilhões e reforça que sua previsão é de US$ 265 bilhões.

A Petrobras informou que a revisão do Plansal "consolida a tendência de redução de investimentos necessários para o desenvolvimento da área". A redução em relação ao plano de 2010 é de 32% graças à "otimização alcançada na concepção dos projetos de produção, principalmente pela maior produtividade dos poços (incremento médio em torno de 20%) e pelo melhor conhecimento das áreas potencialmente produtoras", informou em comunicado. A estatal também assumiu uma nova expectativa de reservas recuperáveis para os campos de Lula e Cernambi, que agora ultrapassariam 8 bilhões de barris, muito próxima de uma estimativa divulgada pela BG em novembro. Para os analistas do Itaú BBA, o novo plano trará números maiores de investimento em refino e outras áreas fora do negócio principal da companhia.