08/12/09 11h20

Petrobras mudará centro de operações para São Paulo

Valor Econômico

Após 35 anos da descoberta da bacia de Campos (RJ), hoje responsável por cerca de 80% de todo o petróleo produzido no Brasil, a Petrobras declara publicamente que a sua nova prioridade estratégica é a bacia de Santos, centralizada em São Paulo, mas que vai do litoral do Rio de Janeiro ao de Santa Catarina, e já estuda o uso de instalações da bacia de Campos como auxiliares na produção de sua nova menina dos olhos. Mais complexa do que a bacia de Campos, com maior volume de reservas e mais distante da costa, a unidade de Santos vai concentrar toda a atividade exploratória do sul da bacia de Campos até Santa Catarina.

A área vai receber investimentos de US$ 40 bilhões até 2013 e de US$ 99 bilhões até 2020. Descoberta em 1979 (campo gás de Merluza) pela Pecten (subsidiária da Shell) na primeira e única história de sucesso dos contratos de risco assinados entre o regime militar brasileiro e petrolíferas estrangeiras, a bacia de Santos concentra hoje joias do pós-sal, como os campos de Mexilhão (gás) e Uruguá-Tambaú (gás e óleo), e do pré-sal, como Tupi, Júpiter e Guará.

A cidade de Santos, e seus arredores, vai concentrar as principais instalações do projeto da bacia que leva seu nome. Após pagar à Prefeitura de Santos R$ 15,18 milhões (US$ 8,83 milhões) por um terreno de 25 mil metros quadrados no bairro do Valongo, a Petrobras projetou um complexo de três torres, capazes de abrigar até 7,5 mil pessoas, mais do que as atuais 6,8 mil da base de Macaé.

Além disso, a estatal decidiu em novembro que, se não for detectado nenhum obstáculo no projeto conceitual que será feito em conjunto com a Aeronáutica, sua base logística offshore da bacia de Santos será construída em uma área da Base Aérea de Santos, no município do Guarujá. A base terá um porto, aeroporto, instalações de armazenamento de produtos e um centro de defesa ambiental. A Petrobras também criou uma "joint-venture" com a BG, Repsol e Galp para estudar projetos de GNL embarcado, que permitirão o armazenamento e transferência do GNL, propano e butano produzidos no pré-sal para navios ou terminais de regaseificação, atualmente instaladas no Ceará e Rio de Janeiro.

Hoje a Petrobras exporta mais com o objetivo de trocar óleo pesado, produzido em Campos, por óleo leve e com isso harmonizar o mix de produtos das suas refinarias. O resultado líquido das exportações é insignificante perto do que a companhia projeta para 2020. Antes disso, já a partir de 2015, a empresa poderá ter excedentes de gasolina e diesel para exportação a partir das novas refinarias de Pernambuco e Maranhão.

A Petrobras tem mais de uma dezena de parceiros na exploração e produção na bacia de Santos, entre eles a Chevron, Repsol, Shell, BG, Galp, Queiróz Galvão, Wintershall, Exxon, Amerada Hess, Maersk, El Paso e Starfish.