Pesquisadores buscam viabilizar o armazenamento de energia e carbono em larga escala no Brasil
Projeto GeoStorage inclui o desenvolvimento de soluções como a superbateria de hidrogênio, armazenamento de energia com ar comprimido e hidrogênio azul no pré-sal
Jornal da USPO Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP acaba de anunciar a criação do GeoStorage, um hub (unidade de pesquisa integrada) que concentrará uma série de projetos visando posicionar o Brasil como líder global em sistemas de armazenamento de grande porte de energia e carbono. Os estudos têm como objetivo melhorar o aproveitamento e desenvolver novas fontes energéticas no País, além de reduzir as emissões de poluentes como o gás carbônico (CO₂). Essa nova iniciativa amplia o portfólio do RCGI, dedicado ao desenvolvimento de tecnologias cruciais para a transição energética, fortalecendo ainda mais o papel do centro na inovação e sustentabilidade energética.
“O Brasil tem um potencial extraordinário para se destacar neste setor, alinhando-se às principais iniciativas internacionais. As tecnologias do GeoStorage são fundamentais para a transição energética, e o crescente interesse de empresas globais em aplicá-las reforça a relevância do hub no cenário energético”, afirma o diretor executivo e científico do RCGI, Julio Meneghini. “Com a demanda por hidrogênio limpo, projetada para 2050, e a captura de carbono estimada para alcançar 115 gigatoneladas até 2060, o impacto dessas tecnologias é claro e transformador para o futuro da energia sustentável”, complementa o pesquisador Pedro Vassalo Maia da Costa, diretor do hub, que é professor da Escola Politécnica (Poli) da USP.
O GeoStorage foi oficialmente lançado durante a Conferência Internacional sobre Transição Energética (ETRI 2024), realizada pelo RCGI em São Paulo, entre os dias 5 e 7 de novembro. O novo hub de pesquisa consolida o conhecimento e a experiência do RCGI no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para o armazenamento geológico de carbono e hidrogênio no Brasil, destacando-se pela patente da tecnologia de separação gravitacional de metano e CO₂ em cavernas de sal, vencedora do Prêmio ANP de Inovação Tecnológica em 2019.
A inciativa também conta com renomados especialistas, como o professor Colombo Tassinari, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, que recebeu o Prêmio ANP de Personalidade Científica em 2023, entregue pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e Nathália Weber, cofundadora e diretora da CCS Brasil, organização sem fins lucrativos que apoia o desenvolvimento de projetos de captura e armazenamento de carbono no Brasil. Além disso, o GeoStorage está ancorado em uma base robusta de estudos científicos validados por publicações e apresentações em congressos internacionais.
Um dos principais temas de pesquisa do GeoStorage, o desafio da superbateria de hidrogênio, é resolver o problema da intermitência das energias renováveis, como a eólica e a solar. Usando cavernas de sal para armazenar hidrogênio produzido por eletrólise nos momentos de baixos preços e excedente de energia, a tecnologia permite converter o hidrogênio de volta em eletricidade durante períodos cujos preços estão mais elevados e há necessidade de se preservar os reservatórios das hidrelétricas. Este sistema oferece uma capacidade de armazenamento em larga escala, variando de centenas de gigawatts (GWh) até terawatts (TWh), com um custo 240 vezes menor que o dos sistemas de bombeamento hidráulico e 2 mil vezes menor que o das baterias de lítio.
Armazenamento Sustentável