23/11/12 16h44

Pesquisa reforça potencial econômico

Correio Popular

A região de Campinas aparece em sétimo lugar entre as que mais consomem em todo o País

Os dados divulgados pela Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp) reforçam o potencial econômico do Interior paulista, especialmente a região de Campinas, e apontam uma tendência: a desconcentração de investimentos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), que está “saturada”, conforme análise do economista e professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), José Alex Soares.

Para ele, é superficial apontar apenas um fator que explique a influência da região no cenário da economia estadual. “É necessária uma análise ampla. Entre os fatores, um que tem sido relevante é o aumento de poder de consumo desta região. Campinas, por exemplo, tem se consolidado como grande centro imobiliário que está ligado diretamente ao poder de consumo. A construção e expansão dos centros de compra destacados pela pesquisa são prova disto”, disse.

Pesquisa da IPC Marketing mostra que o Interior do Estado ultrapassou a Região Metropolitana de São Paulo no posto de maior mercado consumidor do País.

A região de Campinas aparece em 7º lugar entre as que mais consomem no Brasil e sua participação estadual aumentou ao longo do tempo. A estimativa é que o total gasto com alimentação, habitação, transporte, saúde, vestuário e educação fique em 7,65% em 2012. Há cinco anos, o índice era de 7,37% — um aumento de 3,8%.
Este movimento da região de Campinas demonstra um comportamento cada vez mais comum entre as pessoas e grupos investidores. As empresas têm se espalhado e migrado para as cidades menores, impulsionando o aumento da renda e, assim, o poder de consumo da população diretamente envolvida. Para reduzir os custos de produção, as companhias têm deslocado fábricas para cidades do Interior.

“O Interior acaba oferecendo vantagens tributárias, isenções de impostos, preços de terrenos e boas condições de infraestrutura capazes de atrair investimentos. Este tipo de benefício é um potencial vocacional relevante em relação à Capital. Uma força organizacional sindical menor no Interior nos setores da indústria, do comércio e do setor imobiliário também é outro fator que eu julgo importante e que pode explicar, de certa forma, os resultados desta pesquisa da Seade”, afirmou o coordenador de pós-graduação em Gestão Pública da PUC Campinas e economista Ernesto Dimas Paulella.

Ele salientou que a região de Campinas oferece mão de obra especializada maior do que a cidade de São Paulo. “Esta oferta também acaba atraindo investimentos, sem dúvida”, comentou.

Para Soares, a contratação de mão de obra é um reflexo do aumento da atividade econômica da região — o que acarreta, consequentemente, a evolução do mercado formal. O emprego na indústria no Estado de São Paulo, por exemplo, entre 2005 e 2010, cresceu 4,8%. Na Região Metropolitana de São Paulo, o aumento foi de 3,7% e nas cidades do Interior paulista, de 5,7%.

“Investimentos nas estradas, em energia elétrica e telefonia têm atraído as empresas para o Interior. A própria qualidade de vida da região tem colaborado para as cidades se tornarem polos de absorção de investimentos. Além disto, os próprios investidores anseiam por novos espaços urbanos. São Paulo está saturada”, comentou Soares. No entanto, o economista ressaltou que este movimento não significa necessariamente o fechamento de fábricas na Região Metropolitana de São Paulo e a abertura nas cidades do Interior.

Tendência
Para o especialista, em razão dessa “saturação” percebida nos último anos na Capital e nos demais pontos ao seu redor, existe uma tendência de descentralizar investimentos não só para o Interior paulista, mas para todo o Brasil. “Temos investimentos da indústria automotiva no Nordeste, por exemplo, e o Sul do País também tem sido alvo para receber novos negó- cios. É um processo natural, que já está acontecendo há algum tempo. Para a economia, isso é muito saudável porque distribui melhor as riquezas e diminui as diferenças regionais”, apontou Soares.