08/07/10 07h10

Pesquisa de ponta em petróleo

Agência FAPESP

Até o fim de 2010, uma microssonda iônica de alta resolução de US$ 3 milhões fará parte do Centro de Pesquisas Geocronológicas (CPGeo) do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), colocando o Brasil entre os nove países a contar com tal equipamento no mundo - atualmente, são apenas 14 sondas do tipo. Fruto de um investimento conjunto entre a FAPESP, por meio do Programa Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), e a Petrobras, a máquina beneficiará várias áreas da investigação geológica. Será especialmente empregada na geologia isotópica, que se utiliza de isótopos radioativos para fazer datações de rochas, uma importante ferramenta utilizada na exploração de petróleo.

"Será o principal equipamento da área na América Latina", disse Colombo Celso Gaeta Tassinari, diretor do IGc-USP, à Agência FAPESP. Essa microssonda é capaz de fornecer a composição isotópica de grãos retirados de uma rocha sedimentar. A análise é feita em um ponto de um grão, da ordem de até cinco mícrons (milésimos de milímetro), mostrando as diferentes fases de crescimento dos cristais que se formaram em épocas distintas. Ao fazer a datação das amostras, a análise permite inferir a possibilidade de haver petróleo em uma região. Duas informações são particularmente importantes: a da formação das rochas sedimentares e a idade daquelas que lhe deram origem.

Outro método que também está sendo desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros por meio de outros equipamentos é o levantamento da história térmica da bacia ao longo do tempo geológico. O objetivo é descobrir as temperaturas às quais as rochas sedimentares e seu embasamento foram submetidos desde a sua formação até os dias de hoje. Caso uma bacia tenha sido submetida a temperaturas muito elevadas, o petróleo ali existente pode ter se perdido. Portanto, uma bacia deve apresentar uma história térmica de baixa temperatura para ter condições de armazenar petróleo. Esse perfil térmico é levantado por meio de vários métodos analíticos, que os pesquisadores também desenvolvem, entre eles: o argônio-argônio, o urânio-tório-hélio e o traço de fissão.