09/03/15 14h08

Pesquisa aponta Sorocaba como a 28ª melhor do País

Estudo avalia 122 pontos como bem-estar e acesso digital

Cruzeiro do Sul - Sorocaba
Sorocaba foi apontada como a 28º melhor cidade do País entre os 100 maiores municípios, em pesquisa realizada pela consultoria Delta&Finance/América Economia. O estudo foi baseado em dados referentes ao desenvolvimento, governança, bem-estar, situação econômica e financeira, domicílios, saúde, educação, segurança e acesso digital. Entre as cidades do interior paulista Sorocaba ocupa 13ª colação. Já no ranking nacional, excluindo-se as capitais, está entre as 17 melhores.

Para a realização da pesquisa foram considerados os dados de 5.564 municípios brasileiros para a coleta de informações sobre a situação socioeconômica, a partir de fontes oficiais, referentes ao período de agosto a setembro de 2014. O ranking foi estabelecido após a análise de 122 variáveis de dois grandes grupos de estudo, sendo 35 delas relativas às características de cada cidade e outras 77 sobre as dimensões socioeconômicas. Como foi a primeira pesquisa desenvolvida pela consultoria dentro desse modelo, não há base comparativa em relação a anos anteriores.

Para cada área de pesquisa foi estabelecida uma pontuação máxima, de acordo com as variáveis estabelecidas. A área de governança foi que a teve maior abrangência, com 27 variáveis, como plano diretor, legislação específica, políticas públicas, equipamentos públicos, agenda 21 e funcionários. Em relação à situação econômica (10 pontos) foram avaliadas quesitos como desigualdade de renda, pobreza, profissionais ocupados com carteira assinada e renda per capita. Na saúde (10 pontos) foram considerados dados sobre equipamentos disponíveis, número de leitos e de profissionais. Em educação (10 pontos) a avaliação se baseou na expectativa de anos de estudo, analfabetismo e atraso idade-série.

No quesito domicílio (5 pontos), o estudo considerou o acesso à água encanada, banheiros, coleta de lixo, energia elétrica e esgotamento sanitário. Sobre o bem-estar (5 pontos) foram avaliados os dados sobre esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil, razão de dependência e probabilidade de sobrevivência até os 60 anos. Em relação à situação financeira (4 pontos) avaliou-se a receita orçamentária de cada município e as despesas com pessoal. As taxas de homicídio nortearam as avaliações sobre segurança (2 pontos); o acesso à banda larga e canal de cidadania foram considerados na área digital (2 pontos). Já o desenvolvimento municipal (2 pontos) incluiu até mesmo a escolaridade do prefeito.

Diagnóstico

Para o especialista em administração pública, Luiz Antônio Barbosa, embora Sorocaba tenha ocupado um bom posicionamento na pesquisa, levando-se em conta o ranking nacional, foram identificados alguns pontos que merecem mais atenção por parte da administração municipal e que precisam ser melhorados. Esse é o caso, segundo ele, da área da saúde, em que Sorocaba ficou abaixo da pontuação média a ser atingida (de um máximo de 10 pontos a cidade atingiu 4,75).

Barbosa afirma que esse resultado mostra que o demonstrativo, que é baseado na análise de dados oficiais, realmente traz um diagnóstico confiável, já que os problemas relacionados à área da saúde têm sido o principal enfrentamento observado hoje no município. Por outro lado, ele cita que Sorocaba demonstrou um bom desempenho no quesito domicílios, que trata sobre o acesso da população a serviços essenciais, como saneamento básico e energia elétrica, no qual a cidade ficou bem próximo da pontuação máxima (4,97 dentro de uma meta de 5). Já no que se refere à governança, Borbosa diz que o indicador mostra que o município está próximo a um esgotamento, principalmente em relação a equipamentos públicos.

O especialista considera que o estudo deve servir como referência para nortear as políticas públicas a serem desenvolvidas na cidade para melhorar as condições de vida da população. "O objetivo principal desse tipo de pesquisa é justamente traçar um diagnóstico dos municípios para que os administradores possam analisar esses números é atacar aquilo que precisa ser melhorado. Não pode visto como crítica." Barbosa destaca que o mais importante é que essa análise tenha como referência especialmente as cidades do mesmo porte de Sorocaba, para que se busque um comparativo real de desempenho.

Ele reconhece que algumas questões não dependem apenas de ações locais, pois envolvem políticas macroeconômicas, mas que sempre é possível buscar soluções na esfera municipal para avançar. Barbosa destaca ainda que o bom desempenho do município neste tipo de pesquisa pode ser um diferencial no momento em que uma empresa vai definir onde direcionar os seus investimentos. "Além da localização e logística, o desenvolvimento do município e qualidade de vida são fundamentais nas decisões empresariais", citou.

Saúde é o calcanhar de Aquiles, diz prefeito

A posição obtida por Sorocaba no ranking dos 100 maiores e melhores municípios do Brasil foi considerada positiva pelo prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB), embora ele reconheça que alguns índices obtidos na pesquisa Delta&Finance precisam ser melhorados, como é o caso da área da saúde. Ele destaca que esse tipo de estudo, desenvolvido por institutos independentes, são importantes justamente para fazer esse tipo de avaliação e dá subsídios para se medir o desempenho da administração municipal e fazer com que ocorra uma evolução nos quesitos mal pontuados.

No caso da área da saúde, em que Sorocaba ficou abaixo da média, o prefeito disse que o problema já havia sido identificado como o maior agravante do município, mas argumentou que houve uma evolução desde que ele assumiu a Prefeitura, "até por forças de circunstância". Ele citou como exemplo a requisição da Santa Casa de Sorocaba, que melhorou o nível de atendimento e aumento da oferta de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS). Outro avanço, elencou Pannunzio, foi a inauguração da Unidade Pré-Hospitalar da Zona Leste, que aumentou em 33% o atendimento à população, e também a inauguração do Ambulatório Médico de Especialidades (AME).

O prefeito argumentou que esses índices têm como base o ano de 2010, por isso os dados atuais, que se refletiram na melhora da capacidade de atendimento, não foram considerados. "Pode ser que numa próxima avaliação Sorocaba obtenha um desempenho melhor na saúde, pois esse índice de agora realmente nos envergonha".

Segundo Pannunzio, entre os desafios a serem superados está a ampliação da equipe médica na rede pública, especialmente na área de especialidades, que continua insuficiente. Ainda assim, ele afirma que iniciativas já foram tomadas desde o início do governo na tentativa de resolver o problema, como a correção da remuneração dos médicos, a abertura de concurso público para a contratação de mais profissionais e a adesão ao programa federal Mais Médicos. "Mas certamente a questão da saúde ainda é o calcanhar de Aquiles e muita coisa precisa ser feita para poder efetivamente dar o atendimento que a população precisa receber", comentou.

Entre as ações que estão em andamento, o prefeito citou a inauguração da Unidade de Pré-Atendimento do Éden, que deve ocorrer no início do próximo ano. Segundo Pannunzio, o resultado obtido por Sorocaba nessa pesquisa na área da saúde dará, inclusive, argumentos para cobrar da Secretaria de Estado a necessidade de aumento de leitos SUS em Sorocaba, com uma parceria entre a Prefeitura e o Governo paulista para a construção do Hospital de Clínicas.