03/06/08 15h36

Perfil da produção difere do de 2004 e dá fôlego à indústria, aponta CNI

Valor Econômico - 03/06/2008

As horas trabalhadas na indústria vêm aumentando, desde o segundo trimestre de 2007, em velocidade superior ao do uso da capacidade instalada (UCI), o que indica maior fôlego para atender à crescente demanda. Essa é a principal conclusão da análise preparada pelos economistas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para reforçar a contestação ao aperto da política monetária. O trabalho usou a relação desses dois indicadores em dois períodos que têm, em comum, o aumento das taxas de juros pelo Banco Central (BC). De agosto de 2003 a agosto de 2004, o forte crescimento econômico veio após um período de recessão, o que provocou atraso nos investimentos e, consequentemente, levou preocupação aos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) quanto ao alto uso da capacidade. Naqueles 13 meses, os economistas da CNI ressaltam que houve expressivo aumento de 4,4 pontos percentuais no uso da capacidade instalada: de 78,2% (agosto de 2004) para 82,7% (agosto de 2004). No período mais recente - janeiro de 2007 a janeiro de 2008 -, a elevação do uso da capacidade instalada da indústria foi de apenas 1,7 ponto percentual: de 81,3% para 83%. A CNI procurou deixar claro que o contraste que marca essas duas fases é o perfil do investimento. Em 2006, a economia voltou a crescer gradualmente, o que sinalizou aos empresários que era interessante recuperar o nível de investimento. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a formação bruta de capital fixo ampliou-se 10% em 2006 e, a partir dessa base mais alta, cresceu 13,4% no ano seguinte. Nos últimos vinte anos, não houve um período de dois anos consecutivos com o investimento aumentando à taxa de dois dígitos. Na avaliação dos economistas da CNI, a oferta está se expandindo em velocidade suficiente para evitar um acirramento da inflação. Nesse ambiente, não há pressões do setor sobre os preços.