Pequenos gigantes
Com mais da metade dos empregos formais do País e 27% do PIB, pequenas empresas se unem para fazer o Brasil crescer
Estado de S. PauloÀ Divulgação primeira vista, um pequeno negócio pode parecer pouco importante para um País. Afinal, quase ninguém imagina que a padaria da esquina, o salão de beleza da rua acima ou o mercado do bairro possam servir de motor para o desenvolvimento da economia. Juntas, no entanto, as micro e pequenas empresas se tornam gigantes. E os seus números falam por si só.
São 10,3 milhões de estabelecimentos desse porte em todo o País, que contribuem com uma fatia de 27% do PIB. Apenas em 2014, as MPEs registraram uma arrecadação de impostos de R$ 61,9 bilhões por meio do regime tributário Supersimples. E quando se fala em empregos, as estatísticas não são menos impactantes: os pequenos negócios respondem por 17 milhões dos postos formais no Brasil.
Segundo o presidente do Sebrae nacional, Luiz Barretto, além de dinamizar a economia, os pequenos negócios ainda podem contribuir decisivamente para a recuperação e a valorização de espaços urbanos.
“Uma padaria que fica famosa pelo sabor e a qualidade dos pães, uma oficina mecânica que se destaca pelo atendimento de qualidade e pela relação de confiança com seus clientes, um salão de beleza que lança um pacote promocional diferenciado: tudo isso tem potencial para modificar a vida de uma comunidade”, afirma.
Visando estimular o consumo em estabelecimentos de menor porte, o Sebrae lançou, em 5 de agosto, o Movimento Compre do Pequeno Negócio. Desde então, a entidade está promovendo campanhas na mídia, nas redes sociais e distribuindo kits gratuitos para que as pequenas empresas sejam identificadas facilmente pelos clientes.
A mobilização ajuda as MPEs a se prepararem melhor para se destacar da concorrência no dia 5 de outubro, escolhido como data oficial do movimento por se tratar do dia em que foi instituído, em 1999, o Estatuto da Micro e Pequena Empresa. Até o momento, mais de 132 mil empreendimentos e 130 parceiros institucionais já aderiram à iniciativa em todo o território nacional.
“Há muito tempo o Sebrae vem pensando em uma ação que mobilize a sociedade em prol dos pequenos negócios. O cenário econômico neste ano está mais difícil, mas acreditamos que é exatamente nesse momento que o empresário precisa assumir uma postura proativa”, opina Barretto.
Entre os argumentos utilizados pela entidade para despertar no consumidor a importância de se comprar das MPEs está o fato de a pequena empresa ficar mais perto de casa e gerar muitos empregos. Além disso, o dinheiro gasto no consumo permanece no seu bairro, trazendo impactos positivos para o desenvolvimento da comunidade em que o negócio está inserido.
“O grande objetivo do movimento é mostrar a importância dos pequenos para a geração de emprego e uma melhor distribuição de renda no País. Nós sabemos que eles são fundamentais para o desenvolvimento socioeconô- mico, mas é preciso que o consumidor também saiba disso", reforça Barretto.
Para Marcelo Aidar, vice-coordenador do FGVcenn (Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas), além de ressaltar a relevância social e econômica do pequeno negócio, é preciso que os estabelecimentos desse porte também ofereçam vantagens que justifiquem sua escolha por parte dos clientes.
“Se isso não for feito, dificilmente o consumidor vai optar pelo pequeno estabelecimento. Como a MPE não compra os produtos em larga escala, fica difícil negociar um preço mais vantajoso para bater o grande negócio. Uma opção para ser mais competitivo é firmar parcerias para realizar compras conjuntas por meio de associações”, opina.
Já para Eduardo Peres, sócio da Global Trevo Consulting, consultoria especializada em pequenas empresas, o principal caminho para que as MPEs tenham competitividade é apostar na qualidade do atendimento. “Elas têm a vantagem de contar com uma estrutura mais enxuta, o que faz com que esses empreendimentos estejam mais próximos dos clientes e entendam melhor as suas necessidades.”
A opinião de Peres é reforçada pelo presidente do Sebrae. Barretto acrescenta que a entidade também realizou, entre os dias 21 e 26 de setembro, uma semana repleta de palestras, consultorias e orientações sobre temas como controle de custos e atendimento ao cliente. Ao longo da programação, foram feitos mais de 300 mil atendimentos a empreendedores em todo o Brasil.
“O empresário também precisa se preparar para ser mais eficiente. O diferencial do pequeno negócio não está no preço, mas na personalização do atendimento, na proximidade da casa ou do local de trabalho do consumidor e na flexibilidade nas formas de pagamento”, conclui Barretto.