Pequenas empresas apoiadas pela FAPESP participam de capacitação na Inglaterra
Rede NotíciaUm grupo de 15 pesquisadores de projetos apoiados pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP, embarcou no último sábado (28/11) para Londres, na Inglaterra, para participar do Leaders in Innovation Fellowships Programme (LIF, na sigla em inglês), da Royal Academy of Engineering (RA Eng).
Com duas semanas de duração, o programa tem o objetivo de capacitar jovens pesquisadores e potenciais empreendedores de países em desenvolvimento em vias de comercializar novas tecnologias criadas a partir de suas pesquisas.
Na primeira semana do programa, os participantes receberão um treinamento em modelagem de negócios por especialistas independentes, com forte histórico de atuação em empreendedorismo em tecnologia e em startups – empresas nascentes de base tecnológica.
Já na segunda semana, participarão de sessões de treinamento em operações comerciais, liderança, finanças, regulação, apresentação em público do próprio negócio (pitching, em inglês), negociação e habilidades de comunicação e enfrentarão um desafio real de mercado apresentado por uma empresa britânica.
A ideia é que, ao final do curso, os participantes desenvolvam um plano de comercialização para suas inovações.
“Em geral, estamos enviando coordenadores de projetos que estão no PIPE fase 1 [em que deve ser demonstrado que o projeto é aplicável e viável] para esse programa de capacitação em empreendedorismo e inovação, porque a ideia é qualificá-los para fazer um bom plano de negócios”, disse Sérgio Queiroz, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da Coordenação Adjunta da área de Pesquisa para Inovação da FAPESP.
“Em tese, os coordenadores de projetos apoiados pelo PIPE fase 2 [na qual deve ser realizado o desenvolvimento tecnológico do produto, processo ou serviço] já estão mais adiantados nesse tema”, avaliou.
A parceria entre a FAPESP e a Royal Academy of Engineering foi estabelecida no âmbito do Newton Fund – fundo de fomento à pesquisa e inovação em países emergentes do governo do Reino Unido.
Lançado em abril de 2014, o fundo prevê aportes de £ 375 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) em 15 países emergentes, incluindo o Brasil, nos próximos anos.
No Brasil, o Newton Fund prevê aportes de até £ 27 milhões até 2017 em mobilidade e intercâmbio de pesquisadores, pesquisa e inovação. O fundo é implementado por meio de organizações parceiras, como os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK) e o British Council. A FAPESP, outras FAPs e o Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap) são parceiras da iniciativa no país.
Para o programa LIF, o Newton Fund contribui com o financiamento da viagem e estadia dos coordenadores de projetos apoiados pelo PIPE durante as duas semanas de duração do curso em Londres.
A contrapartida da FAPESP é o apoio aos projetos dos participantes por meio do PIPE.
“O programa LIF está permitindo qualificar os coordenadores de projetos apoiados pelo PIPE”, disse Queiroz. “Ao participar desse curso, eles aprendem a fazer um plano de negócios e têm a oportunidade de vivenciar uma série de experiências relacionadas a empreendedorismo e inovação”, afirmou.
Terceiro grupo
O grupo de 15 pesquisadores de projetos PIPE é o terceiro enviado pela FAPESP para participar do programa de treinamento.
No início deste ano, duas turmas de 14 pesquisadores de projetos PIPE selecionados pela coordenação do programa participaram do curso. (Leia mais em: revistapesquisa.fapesp.br/2015/11/17/cursos-para-lideres-inovadores/)
A fim de avaliar o treinamento, a coordenação do programa PIPE desenvolveu e disponibilizou um questionário on-line aos participantes com perguntas como se o período de treinamento os auxiliou na identificação de potenciais colaboradores brasileiros e internacionais e se teriam interesse em submeter propostas ao PIPE fase 2.
Do total de 28 participantes, 16 submeteram propostas para o PIPE fase 2 no primeiro round de submissão este ano, encerrada no início de agosto, e sete mencionaram a intenção de submeter no segundo prazo, encerrado no início de novembro.
Aproximadamente 75% dos participantes avaliaram como alta a influência do treinamento no aprimoramento de seu modelo de negócios.
Em relação à procura de novos investidores, 60% consideraram essa possibilidade após participar do treinamento e 95% consideraram que suas habilidades de negociação foram melhoradas.
“Tive a sorte de conhecer alguns dos participantes brasileiros no programa durante a minha visita ao Brasil, no final de agosto, e fiquei muito impressionado com suas ideias”, disse Robin Grimes, conselheiro-chefe para assuntos científicos do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido, à Agência FAPESP. (Leia mais em: agencia.fapesp.br/reino_unido_pretende_ampliar_colaboracao_cientifica_com_o_brasil/21937/)
“Ficamos tão satisfeitos com esse grupo que a Royal Academy of Engineering e o Newton Fund decidiram lançar novas chamadas. E muitos dos empreendedores brasileiros que participaram da primeira edição do grupo me disseram que gostariam de atuar como mentores nas próximas etapas do programa LIF”, afirmou.
Está prevista a realização de um novo curso em fevereiro de 2016. Além do Brasil, também participarão do treinamento agora e em novembro jovens pesquisadores e empreendedores do Chile, Colômbia, Egito, Índia, México, Tailândia, Filipinas, África do Sul e Vietnã.
Expectativas
Um dos participantes do grupo que embarcou para Londres esta semana para participar do treinamento, Raul Mariano Cardoso, sócio da startup Advance, formada por ele e mais dois engenheiros egressos da Unicamp, espera que o curso o ajude a desenvolver competências relacionadas à identificação de novos clientes para o sistema de controle de acesso autônomo de portas, portões eletrônicos e catracas, entre outros, usando dispositivos móveis, que está sendo desenvolvido com apoio do Programa PIPE.
“Acredito que a participação nesse programa de capacitação vai nos ajudar a validar nossas hipóteses de negócio de uma forma mais rápida e assertiva para colocarmos um produto no mercado que seja relevante e tenha um bom potencial”, avaliou.
Por sua vez, Felipe Murai Chagas, sócio da startup Siaa, de São Paulo, tem a expectativa de que o treinamento possa ajudá-lo a estudar melhor os concorrentes internacionais do sistema integrado de previsão de ondas e monitoramento de terminais portuários costeiros que começou a desenvolver após se formar no Instituto de Oceanografia da Universidade de São Paulo (IO-USP), também com apoio do Programa PIPE.
“Identificamos que temos concorrentes da Noruega, Holanda, Estados Unidos e Canadá, além de no Brasil. Espero que a participação no curso nos possibilite entendê-los melhor e desenvolver competências em comercialização, finanças, negociação e na própria parte de comunicação”, afirmou.