22/10/10 11h07

Pequena e média construtora vivem nova fase

Valor Econômico

As empresas pequenas e médias do setor de construção civil vivem uma realidade totalmente nova e inédita. Sofrem um forte assédio dos fundos imobiliários que precisam de ativos reais para lastrear seus produtos financeiros - em fase de registro ou captação já são R$ 9 bilhões (US$ 5,3 bilhões) - além dos já presentes investidores estrangeiros e private equity. Das novatas às mais antigas, donos de diferentes empresas reúnem-se com potenciais investidores. E o mais interessante - e improvável em outros momentos - é que o convite sempre parte dos donos do dinheiro. São dois interesses combinados: empresas com experiência, mas sem capital para fazer a operação crescer na velocidade que o mercado comporta, e gente com dinheiro, mas sem o know-how do setor. O interesse dos fundos imobiliários é investir nos projetos, diretamente nas SPE's (sociedade de propósito específico). Nesse caso, o risco está limitado ao empreendimento e não à empresa. Captam rentabilidade da incorporação desde o início. "Os fundos batem à minha porta com muita frequência", afirma Alexandre Frankel, da Vitacon, empresa que aposta em empreendimentos compactos em bairros nobres de São Paulo e tem previsão de vendas de R$ 350 milhões (US$ 205,9 milhões) este ano. Pode parecer arrogância, mas é a nova realidade do mercado imobiliário. A GMK incorporadora, empresa de 26 anos, que deve vender entre R$ 200 (US$ 118) e R$ 250 milhões (US$ 147 milhões) este ano, assinou ontem parceria com a espanhola Procupisa, que no Brasil é representada pelo ex-jogador de futebol Mauro Silva. A empresa espanhola entrará em dois empreendimentos em Diadema, dentro do Minha Casa, Minha Vida, com um total de 1.100 unidades e R$ 130 milhões (US$ 76,5 milhões) de VGV. Mesmo empresas em início de operação sentem o assédio. A you,inc, incorporadora criada este ano pelo empresário Abrão Muszkat, ex-sócio da Even, já nasceu com aporte de US$ 50 milhões do fundo de investimento americano Palladin. Ainda assim, recebe várias consultas de interessados em entrar direto nos empreendimentos. Segundo o executivo, os fundos internacionais estão muito interessados porque a rentabilidade aqui está acima da média mundial. A oferta de capital é ampla e vem de várias fontes. O financiamento à produção, que antes era difícil de conseguir, está mais acessível. Só a Caixa Econômica Federal deve disponibilizar R$ 70 milhões (US$ 41,2 milhões) este ano. Os bancos privados, como Itaú, Bradesco e Santander, também avançam rapidamente no crédito imobiliário, especialmente no segmento de financiamento à produção - concedido às construtoras. O interesse nesse tipo de financiamento é maior até do que o crédito à pessoa física. Mesmo com mais capital disponível para produção, a compra de terrenos ainda é um problema para empresas menores. E, na atual situação de mercado, está cada vez mais difícil conseguir permuta com o dono do terreno. É aí que a necessidade de capital se faz mais presente. Em função do aquecimento do mercado imobiliário e de todas as mudanças que estão acontecendo no setor, as incorporadoras médias começam a ter de trabalhar como as grandes, em certos aspectos. O mais evidente é a necessidade de formar um banco de terrenos.