23/07/10 11h54

Pearson, dona do FT, compra parte da SEB e triplica de tamanho no Brasil

O Estado de S. Paulo – 23/07/10

A Pearson, empresa do segmento editorial e de informação digital que controla o jornal Financial Times, comprou parte do Sistema Educacional Brasileiro (SEB) - grupo com origem em Ribeirão Preto (SP) que controla escolas e oferece sistemas de ensino. O negócio chega a quase R$ 900 milhões (US$ 500 milhões). Com isso, a Pearson triplica sua operação no Brasil e passa a ter o País como seu maior mercado na América Latina, à frente do México.

O acordo entre as duas empresas prevê que o grupo britânico passe a ter o controle do sistema de ensino das quatro marcas que pertenciam ao SEB: COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name (esse último voltado apenas para escolas públicas). Na prática, o sistema de ensino compreende a elaboração de material didático e serviços de assessoria para as escolas contratantes. É um modelo exclusivamente brasileiro e que vem atraindo o interesse de grandes editoras.

"O mercado editorial escolar brasileiro movimenta mais de US$ 2 bilhões por ano. É um mercado muito positivo e dinâmico, por isso o interesse em fazer parte dele", disse Juan Romero, presidente da Pearson para a América Latina. A meta, disse, é aumentar o número de alunos no sistema de ensino dos atuais 400 mil para 1 milhão em cinco anos. "E pretendemos mais tarde exportar o modelo brasileiro para outros países", disse Guy Gerlach, presidente da Pearson no Brasil.

A compra inclui também a gráfica do SEB e as operações de logística e distribuição, além do site Klick Net. Até então, a atuação da Pearson no Brasil se restringia à venda de livros universitários e material para ensino de inglês. Presente em 54 países, a empresa britânica teve um faturamento global de £ 5,6 bilhões em 2009.

Para Ryon Braga, da consultoria Hoper, especializada em mercado educacional, a corrida de grandes editoras para entrar no segmento de sistema de ensino está ligada, em grande parte, à possibilidade de elas abocanharem nos próximos anos um mercado gigantesco no ensino básico do setor público. Atualmente, estima-se que cerca de 4% das prefeituras deixaram de usar o livro didático para adotar algum sistema de ensino. "Esse mercado verá uma concorrência brutal daqui para frente", disse Zaher.