12/03/10 10h54

PDG abre unidade para média e alta renda em São Paulo

Valor Econômico

Depois de crescer rapidamente via aquisições, a PDG Realty muda de estratégia e envereda pelo caminho do crescimento orgânico. Compradora nata de empresas - adquiriu companhias como Goldfarb, em São Paulo, e CHL, no Rio e ao todo congrega sete empresas debaixo da sua estrutura -, a PDG decidiu abrir uma nova incorporadora para atuar na média e alta renda em São Paulo. É o segundo mercado no qual a empresa opta por montar estrutura própria em detrimento de uma aquisição. No fim do ano passado, depois de desistir da compra da sergipana Norcon, a PDG abriu uma unidade para atuar no mercado nordestino.

A PDG chegou a olhar todas as empresas que estiveram à venda no mercado, como Abyara e Klabin Segall. Mas optou por adotar a cultura da meritocracia herdada do Pactual e contratar uma equipe que se adapta a um modelo mais informal, com cobrança pesada de resultados e uma parcela expressiva de remuneração variável. "Chegamos à conclusão que a melhor alternativa é comprar 'management'", diz Zeca Grabowsky, presidente da PDG Realty, referindo-se à contratação de executivos. Para gerir a nova unidade de negócios em São Paulo, chamou dois profissionais do mercado imobiliário: Eduardo Machado, que passou pela Birmann, Cyrela, Tishman Speyer, Lopes e, recentemente, foi um dos fundadores da imobiliária Elite. Dora Hamaoui, que trabalhou com Machado na Birmann, Tishman e Cyrela e também passou pela Gafisa, dividirá o comando do novo negócio com o ex-chefe e companheiro de mercado.

A PDG pretende aproveitar o vácuo deixado pelos principais players do mercado, como Rossi, Cyrela e Tecnisa, que reduziram os lançamentos na capital por conta da expansão geográfica para outros estados e da estratégia de crescer na baixa renda e atraídos pelo Minha Casa, Minha Vida. A nova unidade de negócios, batizada informalmente de PDG São Paulo, irá atuar na região metropolitana de São Paulo e cidades mais próximas, como Campinas. A incorporadora estima que o mercado de média e alta renda da região metropolitana de São Paulo seja de cerca de R$ 10 bilhões (US$ 5,6 bilhões). Sem relevar números, Grabowsky diz apenas que, a partir de 2011, pretende ser uma das maiores do segmento em São Paulo.

O foco são imóveis entre R$ 200 mil (US$ 111 mil) e R$ 500 mil (US$ 278 mil) - limite máximo do SFH - mas a empresa também irá para o segmento de alto padrão. A princípio, a PDG pretende atuar por meio de parceria com outras incorporadoras - forma pela qual sempre atuou no mercado paulistano- até para acelerar o crescimento. Os primeiros lançamentos, em parceria com a Lindencorp - empresa da qual a PDG já detém 20% - devem sair no segundo semestre. Objetivo da nova unidade, no entanto, é justamente trabalhar sozinha nos empreendimentos agora que tem uma estrutura própria para isso - tanto que já começou a prospectar terrenos.

O novo negócio distancia a PDG da estratégia que tanto reforçou no último ano: a de ser um dos principais 'players' de baixa renda e concorrente direta da mineira MRV. "Vemos como uma oportunidade de negócios podermos estar em vários segmentos", diz Zeca. "Continuamos acreditando que a maior oportunidade, em volume, está na baixa renda." Em 2009, cerca de 80% dos R$ 3 bilhões (US$ 1,52 bilhão) lançados pela PDG ficaram no negócio econômico e, segundo ele, a proporção deve ser mantida porque a operação como um todo deve crescer. A estimativa para este ano é lançar cerca de R$ 4,5 bilhões (US$ 2,5 bilhões).