Paulista Casp avança no segmento
Valor EconômicoPrestes a completar 80 anos, a Casp, tradicional fornecedora de equipamentos para avicultura, sediada em Amparo (SP), está apostando mais fichas no mercado de armazenagem de grãos, apesar do cenário ainda nebuloso para o setor. As vendas de estruturas para estocagem, que vieram turbinadas pela boa rentabilidade dos grãos nos últimos quatro a cinco anos no país, já respondem pela maior fatia do faturamento da empresa paulista - cerca de 55%, ou R$ 119 milhões em 2014 - e a expectativa permanece otimista para 2015.
"Mesmo com a queda nos preços [das commodities] e a incerteza para investir, há uma demanda reprimida absurda", afirmou ao Valor Anelise Marchini Marques, diretora-executiva da Casp. Ela está confiante que os produtores seguirão ampliando o parque de armazenagem agrícola, seja com recursos próprios ou empréstimos de linhas do governo federal. "Esperamos que nosso faturamento neste segmento cresça 15% ao ano, nos próximos cinco anos". A expectativa é que essa divisão ajude a embalar uma elevação no faturamento total da Casp, dos atuais R$ 224 milhões para mais próximo de R$ 260 milhões em 2015.
A companhia sentiu uma retenção dos pedidos na primeira metade do ano, mas as negociações foram retomadas em junho. "Maio sempre foi o melhor mês de vendas, mas este ano o produtor segurou um pouco", disse Andrea Hollmann, chefe da divisão de armazenagem da empresa.
A Casp nasceu como Companhia Avícola de São Paulo em 1936, pelas mãos do avô de Anelise, Alberto, que começou a produzir incubadoras de ovos. "Existem apenas quatro empresas no mundo que fazem esse tipo de equipamento, e a Casp é uma delas. Em torno de 80% das incubadoras em uso no Brasil foram produzidas por nós", contou a executiva.
Mas o grande crescimento veio com o pai de Anelise, Donald, que diversificou o portfólio de aviários para matrizes e frangos de corte. "E quando se tem aviários, é preciso milho e soja para compor a ração. Então, a armazenagem veio como uma consequência natural na década de 1970". Além de Amparo, a companhia tem uma planta de produção em Cuiabá (MT).
A Casp estima deter entre 10% e 15% do mercado nacional de armazenagem, rivalizando com Kepler Weber e Comil. Entre 2009 e 2014, o faturamento dessa divisão de negócios da empresa cresceu 75%, e o de proteína animal, apenas 7%. Nesse segmento, considerado mais "maduro", as perspectivas da companhia se concentram na renovação do parque de produção do país, além de adequações no tamanho dos aviários e nas estruturas de climatização. O otimismo ganha força com o bom desempenho dos abates de frangos e suínos no país no primeiro trimestre de 2015, com altas de 2,1% e 4,2%, respectivamente, conforme o IBGE.
Mas Anelise tem os olhos voltados também para o mercado externo. A ideia é ampliar as vendas não apenas na América Latina, onde a Casp já tem atuação expressiva na Argentina e no Paraguai, mas também na África, estendendo nos próximos anos de 15% para 25% a fatia do faturamento proveniente do exterior. "Exportamos para a África desde a década de 1980, tanto equipamentos de armazenagem como de avicultura. Mas de 2000 para cá os embarques ganharam fôlego", contou Sérgio Zerbinatti, que responde pela divisão de proteína animal da Casp.
A empresa prevê que suas vendas de equipamentos para suinocultura avancem mais de 20% ao ano nos próximos cinco anos. Para avicultura, a perspectiva é de uma alta de 10% no mesmo intervalo, e incubação e matrizes, 4%.