25/05/16 13h55

Pátria investe em centro de dados

valor econômico

A gestora de fundos Pátria Investimentos está entrando no mercado de centros de dados com a criação de uma empresa, a Odata. Com 16 funcionários e expectativa de chegar a 27 até o fim do ano, a nova companhia recebeu aporte inicial de R$ 200 milhões e começará, nas próximas semanas, a construir um centro de dados na cidade de Santana de Parnaíba (SP). A unidade, de 13,5 mil m2, ficará pronta no primeiro trimestre de 2017 e receberá mais R$ 250 milhões em recursos nos próximos três anos.

O investimento está sendo feito por meio do terceiro fundo destinado ao segmento de infraestrutura da gestora, que conta com US$ 1,7 bilhão em recursos e tem cinco investidas. Entre elas estão a Vogel, de fibras ópticas e a Highline, de torres de telefonia móvel.

Nos planos da Odata, a meta é montar mais três centros de dados em um horizonte de cinco anos. Os valores a serem investidos nessas estruturas ainda não foram definidos. Além das construções, a Odata também planeja aquisições de companhias menores para estabelecer uma presença regional na América Latina. Segundo Ricardo Alário, ex-diretor do fundo de investimento Intel Capital e presidente da Odata, os alvos iniciais são estão Chile e na Colômbia. "Estamos começando as conversas", disse.

Segundo Felipe Pinto, sócio da área de infraestrutura do Pátria, o interesse em investir na área de centros de dados está ligado ao avanço do conceito de computação em nuvem - em que os sistemas são acessados por meio de uma conexão à internet e não ficam instalados nos equipamentos da empresa ou do consumidor. Para que isso funcione, são necessárias grandes estruturas onde as informações ficam armazenadas. "Temos convicção de que a demanda por estrutura vai superar em muito a oferta nos próximos anos", disse.

A Odata vai atuar no segmento de centro de dados conhecido como de atacado, ou "co-location". Isso significa que ela não terá em suas ofertas produtos como sistemas de gestão ou outros softwares corporativos, competindo com nomes como Tivit, SAP, Microsoft, Google e IBM. A proposta é atuar como um fornecedor de infraestrutura para que essas grandes companhias atendam seus clientes. E na medida em que a demanda delas crescer, a Odata também crescerá.

A estimativa da nova empresa é que a procura por centros de dados no modelo de atacado vá se expandir a uma taxa superior a 20% na América Latina nos próximos anos. A companhia não revela sua estimativa de receita.

O Brasil tem mais de 100 provedores de "co-location", sendo a maioria empresas de pequeno porte. Entre os principais nomes do mercado estão Ascenty, Equinix, Tivit e UOL Diveo.

O conceito era muito comum nos primórdios da internet, mas acabou perdendo espaço por conta da baixa rentabilidade. Agora, com a demanda de grandes companhias como Google, Amazon, Microsoft, IBM, operadoras de telefonia e empresas em busca de redução de custos, ele ganhou novo fôlego.

Mas, nessa nova onda, as exigências em termos de qualidade do serviço prestado e do volume dos investimentos são muito mais altas, deixando o jogo mais difícil para quem tem menor porte. No centro da Odata, por exemplo, está sendo construída uma subestação de abastecimento de energia elétrica de 20 megawatts, suficiente para abastecer uma cidade de 150 mil habitantes. Segundo Alário, a energia elétrica responderá por 50% dos custos do centro.

No momento, a Odata não tem contrato assinado com nenhum cliente. Segundo Alário algumas conversas estão acontecendo e a expectativa é ter alguns nomes fechados antes da inauguração da primeira unidade.