15/07/16 14h50

Parcerias com startups trouxeram ganhos para a Coca-Cola

Amcham

Para Egon Barbosa, Diretor de Negócios Emergentes da Coca-Cola, a interação de grandes empresas com as startups pode trazer enormes benefícios para ambas. "A filosofia é juntar o poder de disrupção das startups e a força das grandes empresas. Se juntarmos o melhor desses dois mundos de forma inteligente - e não é tentar ser uma startup -, conseguimos chegar a um patamar mais evoluído. Entendemos que esse é o caminho", afirmou, durante o comitê de Inovação da Amcham - São Paulo, na terça-feira (12).

Cerca de 20% de todo o crescimento da companhia, segundo o especialista, veio de iniciativas ligadas à startups. Outro ganho foi no segmento de bebidas não-carbonatadas no mercado dos Estados Unidos - um crescimento de 37% no país, maior mercado da companhia. "Temos que privilegiar cada vez mais as pessoas que pensam diferente, que consigam efetivamente somar aquele aprendizado e robustez de conhecimento técnico com as novas ideias e novos modelos de negócios que vem com as novas gerações", afirma. Barbosa vê que ainda não há tantas startups no Brasil relacionadas ao mercado de bebidas, mas acredita que há muito espaço para crescer nesse nicho.

O especialista acredita que, muitas vezes, as empresas tradicionais ainda enfrentam muita resistência para introduzir a inovação em seus negócios por medo de arriscar. Para ele, as empresas tem que equilibrar efetivamente sua plataforma de negócios tradicional e a necessidade de inovar. “A inovação tem que estar conectada com os objetivos de longo prazo da companhia. O mercado, a dinâmica da inter-relação com empresas e fornecedores e a demanda do consumidor estão se modificando. A partir do momento que a empresa se torna mais consciente disso, fica mais clara a necessidade de se fazer diferente. As empresas em geral sabem disso, mas ainda assim ouvimos muitos relatos de companhias que não conseguem virar a chave", explica. Por isso, ele recomenda que é necessário passar por um período de transição, a fim de diminuir essas resistências e provocar o desejo de novas conquistas, ganhos e satisfação. O especialista alerta que os empresários ainda estão aprendendo a criar essa relação positiva, e que por isso é necessário paciência.

Para Gustavo Marujo, Coordenador do Serviço de Apoio a Empreendedores da Endeavor (ONG focada em empreendedorismo), o sucesso de startups tem grande impacto no mercado, justamente por seu poder de responder rapidamente às novas demandas. Para ele, o caso do Spoleto, fundado por dois brasileiros, é um exemplo: juntou a rapidez do fast-food com uma comida mais saudável, o que permitiu à empresa se inserir no mercado com sucesso. Hoje, o restaurante está por toda a América Latina.

O especialista vê o Corporate Venture (investimento de empresas em novos negócios, geralmente startups - pode ser por meio de uma incubadora interna ou associações à pequenas empresas) como um diferencial estratégico, que permite mapear oportunidades, entrar em mercados complementares e trazer cultura de inovação e empreendedorismo para dentro da empresa. Esse desenvolvimento de modelo de negócios pode ser feito com investimento em espaços de coworkings, como o Itaú, com o Cubo, ou uma criação de fundo para investir nas pequenas empresas, como a Intel, através da Intel Capital, fez.

Desafios das startups

Os fundadores da Lean Survey, Alessandro Andrade e Fernando Approbato Salaroli, pontuaram alguns dos desafios que enfrentam na sua startup. A empresa, que realiza pesquisas de mercado, usa um aplicativo para recrutar voluntários que queiram realizar as pesquisas. Após realizar o cadastro e um treinamento, os voluntários recebem notificações no celular de pesquisas que podem realizar e recebem por isso. O envio rápido das informações pode ser atrativo para empresas que queiram testar a recepção ao lançamento de um produto rapidamente.

Os dois reconheceram que é difícil saber por onde começar, sempre correr contra o tempo - já que as startups têm necessidade de crescer rapidamente - e enfrentar o desconhecido, principalmente as que estão em estágio inicial. Outra diferença que viram é lidar com uma empresa que não tem gestão nem processos, o que torna um pouco desafiador, "O jeito de você manter a empresa alinhada é botar todo mundo na mesma direção. É uma cultura muito forte, com foco na gestão", afirmou Salaroli. Além disso, todos da empresa têm que fazer de tudo um pouco, importante ter polivalência. “Não precisamos hoje de especialistas. Precisamos de alguém que seja polivalente”, explicou Andrade.