Parceria estratégica entre Brasil e Irã pode triplicar comércio bilateral, diz Monteiro
Valor EconômicoA parceria estratégica que resultará da reaproximação entre Brasil e Irã pode triplicar a curto prazo a corrente de comércio bilateral, num momento em que as sanções ao governo iraniano estão sendo retiradas, estimou ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto.
O ministro liderou nos últimos dias uma missão empresarial ao Irã, que no ano passado importou US$ 1,439 bilhão em produtos brasileiros. O Brasil comprou US$ 5,025 milhões do Irã no período. No acumulado entre janeiro e setembro de 2015, o Brasil exportou ao Irã US$ 1,142 bilhão e importou US$ 2,810 milhões.
Segundo o ministro, seus interlocutores do governo iraniano sinalizaram interesse em ter uma "parceria preferencial" com o Brasil, uma vez que o governo brasileiro apoiou politicamente o país num momento delicado. Potências ocidentais aplicaram as sanções em razão do programa nuclear iraniano, embora Teerã sustentasse que a iniciativa tivesse fins pacíficos. Agora, as partes chegaram a um acordo e as sanções serão retiradas, o que tem gerado uma corrida ao mercado iraniano.
"Fizemos uma missão na hora certa", disse o ministro ao Valor. Ele ponderou que isso dependerá em grande parte da normalização das relações interbancárias. A missão contou com representantes do Banco do Brasil, Banco Central e BNDES. Os dois países também criaram uma comissão para discutir o assunto e outra para tentar impulsionar investimentos e a formação de joint ventures.
As cerca de 60 empresas e associações setoriais que integraram a comitiva não fecharam negócios de imediato. "Foi muito mais uma missão de posicionamento, de construção de canais", explicou o ministro. Mas foram prospectadas oportunidades sobretudo para as exportações de equipamentos hospitalares, autopeças, aviões regionais e alimentos. O Brasil também pode começar a comprar gás liquefeito do Irã, produto que já importa do Catar.
Antes de retornar ao Brasil, Monteiro reuniu-se com empresários e autoridades em Londres, onde articulou apoio do Reino Unido ao acordo Mercosul-União Europeia e o posicionamento britânico contra a taxação imposta pelo bloco europeu ao açúcar brasileiro.
A empresários de vários setores, o ministro falou do ambiente de negócios e das perspectivas no Brasil. Também tratou do envio de 15 startups para o intercâmbio com centros de pesquisas.