Parceria entre CBMM e IPT visa produzir metal para geradores eólicos
Valor EconômicoA Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) firmaram ontem uma parceria de R$ 9,5 milhões para produção nacional de neodímio metálico. Esse material é resultado de uma das etapas de fabricação de super imãs de terras-raras, mineral utilizado pela indústria de informática e na fabricação de geradores eólicos.
A produção de neodímio metálico é a única etapa da cadeia de fabricação de super ímãs que ainda não é realizada no Brasil.
Terras raras é como é conhecido um conjunto de 17 minerais empregados na fabricação de alta tecnologia. A produção dos super ímãs de terras raras envolve a concentração do minério, o que equivale a separar o cristal que contém o mineral, e a separação dos 17 elementos químicos, dentro os quais está o óxido de neodímio.
O projeto firmado entre CBMM - maior fabricante mundial de nióbio - e IPT entra justamente nessa etapa da cadeia, que consiste em transformar o óxido em metal de neodímio. Com o metal é produzida a liga utilizada na fabricação de super ímãs.
A CBMM já produz o óxido de neodímio e dispõe de uma planta-piloto que faz a concentração de terras raras a partir de reservas no município de Araxá (MG), onde estão suas operações de produção de nióbio..
O Brasil não produz os 17 elementos de terras raras em escala comercial e o IPT enxerga grande potencial no desenvolvimento da tecnologia, a ser aproveitada pela indústria de geração de energia eólica e de motores elétricos.
A parceria terá duração de dois anos e vai contar com uma equipe de técnicos da CBMM e dos pesquisadores do IPT para desenvolvimento da tecnologia. Segundo o presidente do IPT, Fernando Landgarf, e no caso de sucesso na parceria e o mercado esteja favorável, a CBMM pode avaliar se monta uma operação industrial para obter o metal no Brasil.
"O Brasil talvez seja o país que tenha a maior reserva de terras raras do mundo e tem um dos maiores fabricantes de motores elétricos, que usa ímãs de terras-raras. Temos o começo e o fim, mas não temos o meio da etapa de produção", acrescentou Landgarf a respeito do potencial de aproveitamento da matéria-prima pelo mercado.
Segundo o instituto, hoje a China responde por 90% do mercado mundial de terras raras e tem poder para controlar os preços.
O presidente do IPT defende que, apesar de não ser um mercado enorme, já que movimenta apenas US$ 5 bilhões por ano, se trata de um nicho estratégico, uma vez que os materiais são utilizadas na fabricação de produtos de alto valor agregado, como computadores e celulares.
Um terço dos R$ 9,5 milhões da parceria será financiado pela Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), com recursos de repasses feitos pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI) para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resto do montante será de responsabilidade em parte da CBMM e em parte do IPT, que fará o aporte como contrapartida do governo do Estado de São Paulo, que envolve infraestrutura, equipamentos e suporte administrativo do instituto.