14/06/10 11h12

Paranapanema faz plano para investir US$ 278 milhões

Valor Econômico

A Paranapanema, maior fabricante de cobre do país, parece que finalmente vai pôr fim à longa paralisia. Na semana passada, na Europa, fechou a compra de uma fábrica completa que vai substituir a instalação já quase obsoleta que opera há mais de cinco décadas em Santo André, no ABC paulista. É um passo emblemático da companhia, cujo controle foi assumido no começo de 1996 pelos fundos de pensão Previ, Petros, Sistel e Aerus, além da BNDESPar. Desde então, só consegue administrar uma pesada dívida, herdada no negócio, e um portfólio de ativos com mais de 60 empresas.

"Esse grupo não vê investimentos significativos há mais de dez anos e tem linhas de produção com mais de 50 anos ainda em operação", disse ao Valor Luiz Antônio Ferraz Júnior, presidente da empresa desde agosto de 2008. A aquisição na Europa é parte de um pacote de mais de R$ 500 milhões (US$ 278 milhões) de investimento até 2013 na expansão e modernização de seu parque fabril. Hoje, enxuta, a companhia foca em cobre metálico e fertilizantes na Bahia e em produtos laminados, barras, tubos, ligas e conexões de cobre em Santo André e Serra (ES).

Até o fim de março, Ferraz, contratado em maio de 2005 como diretor financeiro, só cuidou de pôr empresa em ordem. "Havia, com os acionistas, concentrada na holding, uma dívida de R$ 1,5 bilhão (US$ 833 milhões) que não permitia investir nas áreas operacionais". Um passo foi deixar de usar dinheiro da operação para quitar dívidas da holding. Isso significou capitalização de metade do passivo e venda de um ativo de peso, a mina de estanho, para quitar a outra metade. Os passos seguintes, até março, foram a reorganização operacional, societária e de saneamento fiscal. O terceiro passo, concluído neste ano, foi a conversão de suas ações preferenciais em ordinárias, criando uma única classe de papéis. Assim, abriu caminho para migrar ao Novo Mercado da BM&FBovespa. O plano é fazer isso no segundo semestre.

O programa de investimentos visa, além de expansão, dotar suas fábricas com tecnologias modernas para ter custos mais competitivos e poder oferecer novos produtos. Na empresa unificada, a meta é alcançar 75%, ante os 50% de 2009, aproveitando o crescimento do Brasil previsto para os próximos anos em vários setores que consomem cobre - bens eletroeletrônicos e eletrodomésticos, construção civil, máquinas e equipamentos e automotivo.

A unidade de produtos laminados de Utinga, em Santo André, será reconstruída com as modernas instalações adquiridas na Europa. Vão desembarcar no Brasil em até 15 meses. O custo total do projeto é de R$ 150 milhões (US$ 83 milhões) e ele deverá estar definido até o fim do ano. "Vai nos permitir ampliar a base de clientes", diz Ferraz, que vai avaliar, com sua equipe, se a nova fábrica será montada no lugar da atual, já obsoleta, ou se irá para um novo site, próximo a um porto.

Com a expansão, irá de 26 mil para uma capacidade de 66 mil toneladas/ano, gerando receita adicional de US$ 160 milhões a partir de 2012. Além de crescer, poderá fazer bobinas com peso de até 7 toneladas, mais que o dobro de hoje, e mais largas que as atuais. O outro investimento, de R$ 50 milhões (US$ 27,8 milhões), na divisão Eluma está desenhado para elevar de 16 mil para 36 mil toneladas a capacidade atual da fábrica de tubos de cobre sem costura que fica em Capuava, outro bairro de Santo André. "Será a mais moderna unidade de tubos do mundo", diz o executivo, observando que a atual está com seus processos produtivos ultrapassados. "Vamos conseguir ganhos expressivos de custos e crescer nos mercados de refrigeração e construção civil".