24/11/09 10h56

Para voltar a crescer, hipermercado fica com cara de shopping

Valor Econômico

Os hipermercados estão ficando cada vez mais parecidos com os shopping centers. Transformar essas grandes lojas em minicentros comerciais, com direito a cinema, academia de ginástica, McDonald's e cabeleireiro, foi a saída encontrada pelas grandes cadeias, como Carrefour, Extra (Grupo Pão de Açúcar) e Walmart, para rentabilizar os imóveis e revitalizar esse modelo de negócio, que vem encolhendo.

Desde a estabilização da economia e o fim da hiperinflação, nos anos 90, os hipermercados começaram a perder a preferência dos consumidores. Ninguém quer mais passar horas em um hipermercado uma vez por mês se pode fazer compras semanais em supermercados perto de casa - e, hoje em dia, pelo mesmo preço. De acordo com a Nielsen, entre 2002 e 2008, a participação dos hipermercados na venda de 157 categorias de bens de consumo caiu de 6% para 4%. Neste mesmo período, o pequeno varejo avançou de 37% para 38,5%.

Mas, em área alugada (área bruta locável, ou ABL), os hipermercados não ficam muito atrás das grandes redes de shopping centers. Se somada a ABL das galerias do Carrefour, Extra e Walmart, essas varejistas figurariam entre as 10 maiores cadeias de shopping centers do país. O Carrefour possui um total de 213 mil metros quadrados de ABL em 160 hipermercados - isso equivale a cinco shoppings do tamanho do Iguatemi, em São Paulo. O Grupo Pão de Açúcar administra 150 mil metros quadrados de ABL, incluindo espaços alugados para grandes lojas, como a C&C.

O interesse do Grupo Pão de Açúcar em "pensar" como uma empresa de shopping center é tal que esse objetivo até está estampado no nome da subsidiária recém-criada pelo grupo para administrar seus imóveis: GPA Properties & Malls. Essa nova empresa já possui o seu próprio espaço no quartel-general da companhia, na capital paulista.

Recentemente, o Carrefour levou ao extremo a ideia de transformar os hipermercados em minishopping centers ao anunciar a instalação, em 2010, de salas de cinemas em lojas situadas em locais carentes de opções de lazer, como no bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, e na periferia do Rio de Janeiro. O projeto está sendo executado em parceria com a Inovação Cinemas e prevê inauguração de salas em outros hipermercado do grupo. O Pão de Açúcar já testou essa experiência. Na loja do Extra da Anchieta, em São Paulo, há desde salas da rede Cinemark como um boliche e um outlet da Nike.

No entanto, muitas marcas ainda veem com reserva a abertura de uma loja no corredor de um hipermercado. Mas o aumento do aluguel, e de outros custos cobrados pelos shopping centers, tem levado muitos lojistas a rever essa resistência.

Segundo Edson Emygdio, diretor da GPA Properties & Malls, a vantagem das galerias dos hipermercados para os lojistas é que o aluguel não é tão alto como o de um shopping center, embora seja mais caro do que de um ponto comercial de rua. Mas os lojistas têm a vantagem de contar com toda a estrutura do hipermercado, como segurança e estacionamento, além do próprio fluxo garantido de clientes.