25/08/10 14h55

Para filmar em 3D, ninguém mais precisa ser James Cameron

Valor Econômico – 25/08/10

Depois de invadir os cinemas, o 3D parece prestes a assegurar espaço na sala de TV dos espectadores. E, a julgar pelos equipamentos que estão chegando ao mercado, não são apenas os filmes arrasa-quarteirão ou jogos dos principais campeonatos que estarão nas telas em terceira dimensão. O vídeo caseiro sobre o fim de semana na praia e as fotos da festa de aniversário do filho também poderão integrar a lista de atrações em 3D. Os primeiros equipamentos já começam a chegar ao mercado. A LG, em parceria com a Fuji, iniciou neste mês as vendas de um pacote que inclui TV e câmera digital, ambas 3D. "A ideia é mostrar que não é impossível ter a tecnologia em casa; a disponibilidade de conteúdo não é uma barreira", diz Felippe Motta, gerente de produtos de TV da LG.

As opções para quem quer assistir, em casa, a algum tipo de programação 3D são restritas. Hoje, existem apenas três filmes lançados no formato Blu-ray 3D no Brasil e um canal de TV aberta, a Rede TV, com transmissão nesse formato. Ao oferecer ao consumidor a possibilidade de fazer seus próprios filmes e imagens em terceira dimensão, os fabricantes de equipamentos querem reduzir as restrições ao formato. Além da LG, Sony e Panasonic prometem colocar produtos a venda em outubro, a tempo das compras de Natal. A própria Fuji planeja outro lançamento no último trimestre.

Por se tratar de uma linha de produtos muito nova, os preços dos equipamentos ficam longe de ser populares. Os equipamentos chegarão ao varejo custando entre R$ 1,9 mil (US$ 1,09 mil) e R$ 3 mil (US$ 1,7 mil). Mas os fabricantes estimam que os valores possam cair até pela metade em um prazo de 12 a 18 meses. "Diferentemente do que aconteceu com a alta definição, que demorou a chegar à casa das pessoas, o 3D terá uma adoção muito rápida", diz Daniel Kawano, analista de produto da Panasonic. Em outubro, a fabricante japonesa traz ao Brasil uma filmadora 3D que custa US$ 1,3 mil nos Estados Unidos.

As projeções de vendas de câmeras digitais da Sony dão uma ideia do que os fabricantes esperam com os equipamentos 3D. Segundo Alexandre Furtado, gerente de câmeras digitais da companhia, o volume de unidades pode passar de 20 mil em 2010 para 500 mil em 2012. Em outubro, a empresa lança quatro câmeras com preços entre R$ 1,9 mil (US$ 1,09 mil) e R$ 2,5 mil (US$ 1,43 mil). A princípio, por conta do preço, o público-alvo é o de aficcionados por tecnologia, que não se importam de pagar caro pelos lançamentos mais recentes. Os planos da Sony para o 3D preveem a fabricação de alguns equipamentos a partir de 2011, numa tentativa de forçar a queda de preços. No primeiro trimestre do ano que vem, a Sony também planeja lançar sua linha de filmadoras 3D no Brasil.

Se no passado a venda de câmeras e filmadoras não tinha impacto em outros produtos, com os equipamentos 3D a relação é direta. É que para ver imagens ou vídeos nesse formato é preciso ter uma TV compatível com a tecnologia. Como a maioria das companhias produz tanto as câmeras quanto os televisores, o impulso nas vendas é considerável. É por isso que a maioria dos fabricantes prepara estratégias de venda apoiadas em promoções que incluem os dois produtos.