07/05/07 11h23

Para crescer, redes de varejo miram os últimos pequenos

Folha de S. Paulo - 07/05/2007

Quando o Wal-Mart conseguiu ocupar a segunda posição no ranking de supermercados brasileiros, mesmo que por uma diferença inferior a R$ 2.000 (US$ 983) no faturamento de 2006, a venda do Atacadão para o Carrefour volta a mudar as posições no setor varejista. A liderança, perdida para o Pão de Açúcar em 2000, voltou para a rede francesa, que optou pela maneira que aparentemente é a mais fácil para ampliar a participação no mercado, com aquisições. O setor, que representa 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, faturou R$ 124,1 bilhões (US$ 57 bilhões) no ano passado, 0,6% a mais que em 2005, considerando a inflação do período. Os três grandes varejistas responderam por 34,1% desse valor. Completam os cinco primeiros da lista G. Barbosa e Cia. Zaffari, com apenas 1,2% do faturamento total cada um. A compra do Atacadão, que faturou R$ 4,9 bilhões (US$ 2,3 bilhões) em 2006, era estratégica para todos os grandes varejistas. O Carrefour, que está presente em 29 países, saiu na frente ao pagar R$ 2,2 bilhões (US$ 1,08 bilhão), valor considerado muito alto por alguns analistas do setor. Além de focar na venda para pequenos estabelecimentos, como bares e lanchonetes, o Atacadão tem um público cativo nas classes C e D, o que deve ajudar o Carrefour a conquistar esses clientes. Mesmo com a rede Dia%, a penetração nessa faixa ainda deixava a desejar. A rede americana Wal-Mart iniciou as atividades no Brasil em 1994 e ficou quieta por uma década, até arrematar o Bompreço, no Nordeste. Com isso, passou da 6ª para a 3ª posição no ranking da Abras. Em 2005, comprou a rede Sonae, consolidando as atividades no Sul. Como as marcas eram fortes em suas regiões, foram mantidas. Nessas aquisições, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no país, que é considerado estratégico por ser a quarta maior operação da área internacional, em número de lojas, de um total de 14 países. Segundo Vicente Trius, presidente do Wal-Mart no Brasil, a estratégia é crescer das duas formas, organicamente e por meio de aquisições. Depois de sete anos ocupando a liderança no Brasil, o Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo empresário Abílio Diniz e o varejista francês Casino, amarga agora a segunda colocação. Sobre as possibilidades de expansão, o grupo disse, por meio da assessoria de imprensa, que o crescimento orgânico é melhor porque é possível escolher o ponto-de-venda e o formato da loja que será aberta.