07/12/08 09h50

Para BNDES, aportes em infra-estrutura devem ser preservados ao longo de 2009

Folha de S. Paulo - 07/12/2008

Para o BNDES, boa parte dos investimentos na área de infra-estrutura e em alguns setores da indústria, como o automobilístico, devem ter o ritmo mantido ao longo dos próximos meses, a despeito da crise. Para Marcelo Nascimento, economista do banco oficial, dificilmente grandes projetos serão abandonados. "Na infra-estrutura, a rigidez da necessidade de investimento é muito grande. A empresa ou já ganhou a concessão ou já passou por várias etapas. Deixar passar, uma vez assumido o compromisso, pode trazer perdas muito grandes. Por isso, dificilmente quem estiver nessa situação vai rever o investimento", afirma. Nascimento reconhece que o banco vem fazendo "ajustes" nas expectativas de investimentos de alguns setores da indústria, mas acredita que outras áreas importantes devem manter as previsões. Entre eles, Nascimento afirma que se destacam siderurgia, papel e celulose e petroquímica. "São setores ainda bastante otimistas, sem expectativa de retração ou revisão, com decisões tomadas no passado." Um dos setores que mais investiram nos últimos anos foi o automobilístico. Segundo a Anfavea, que reúne os fabricantes, foram US$ 38,5 bilhões entre montadoras e empresas de autopeças entre 1997 e 2007. Um novo plano, para o período entre 2008 e 2012, prevê mais US$ 23 bilhões. Segundo a Anfavea, não houve até aqui nenhuma modificação nessas intenções de investimentos. Para o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, dificilmente a indústria automobilística e vários outros setores vão deixar de rever seus investimentos por conta da crise. "O setor privado só investe se tiver "funding" e boas expectativas de vendas e lucros. Neste momento, não há nem um nem outro", afirma.