09/03/18 12h00

Países do Caribe buscam alimentos e tecnologia no Brasil

Valor Econômico

Onze ministros e vice-ministros caribenhos vêm ao Brasil na segunda-feira, em missão organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), com interesse em ampliar as compras de alimentos no país. Essas pequenas economias do Caribe adquirem, conjuntamente, de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões por ano em produtos básicos. A maioria depende do turismo, tem baixo desenvolvimento agrícola e importa quase tudo - mas costuma buscar suprimento fora da América Latina.

Carne bovina, suína e de frango, arroz, massas e frutas estão na lista de produtos desejados por esses países. Alguns deles, que têm resorts luxuosos ou servem de escala para cruzeiros marítimos, precisam até de fornecedores de água mineral para abastecer seus turistas endinheirados.

A missão é composta por altas autoridades na área agrícola de República Dominicana, Jamaica, Suriname, Guiana, Haiti, Bahamas, Antígua e Barbuda, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia e Dominica.

A visita também representa uma mensagem de confiança desses países no sistema brasileiro de fiscalização sanitária, uma semana após o estouro da mais recente fase da Operação Carne Fraca, que acarreta a ameaça de embargo de muitos clientes externos aos frigoríficos nacionais.

O foco não é apenas comercial, mas envolve um "pacote completo", que inclui projetos de cooperação tecnológica e transferência de conhecimento em políticas públicas. Como muitas nações são vulneráveis às mudanças climáticas e em termos de segurança alimentar, o acesso a tecnologias que ajudem no desenvolvimento rural é prioridade. Por isso, uma aproximação com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está na agenda dos caribenhos.

Um dos projetos de cooperação prevê exportar coqueiros para esses países. Eles são menos produtivos do que os coqueiros tradicionais, mas também são mais resistentes aos ventos que arrasaram boa parte da região após a recente onda de furacões.

Além de reuniões com os ministros Blairo Maggi (Agricultura) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário), as autoridades vão visitar uma câmara na Embrapa que simula condições climáticas adversas para a produção de hortaliças e uma unidade de produção de adubo orgânico. A ideia é pavimentar um comércio crescente no futuro próximo com intercâmbio mais sólido na área de cooperação.

"Nossa missão é colocar todos à mesa e aproximar as partes. As diferenças que existem entre o Caribe e o Cone Sul nos unem", disse ao Valor o diretor-geral, Manuel Otero, argentino eleito em outubro para o período 2018-2022, com forte apoio do Brasil.

Otero, veterinário de formação e ex-adido agrícola da Argentina em Washington, lembra que dois terços da América Latina e do Caribe não têm segurança na provisão de alimentos. Isso contrasta com a imagem do Cone Sul - Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai - de celeiro do mundo.