17/05/07 10h46

País precisa de estratégia mesmo para setores "ganhadores"

Valor Econômico - 17/05/2007

A China está afetando, de forma distinta, a indústria brasileira. Enquanto alguns setores sofrem com a concorrência chinesa, para outros a demanda do país asiático abre uma imensa oportunidade. E entre os setores que têm muito a ganhar fornecendo para a China está o segmento de biocombustíveis, especialmente o etanol e o biodiesel. Para que este setor não perca a "oportunidade histórica" que está colocada, o país precisa urgentemente desenhar uma estratégia nacional que aumente os investimentos em tecnologia e permita a manutenção da liderança que mantém hoje nesse mercado. Essa foi a síntese dos debates de ontem da quarta sessão do XIX Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae). Para o diretor do BNDES, nunca na história brasileira se abriu uma oportunidade como a atual, onde há uma "generalização do desenvolvimento" no mundo, com uma demanda adicional sendo incorporada ao consumo mundial pelas populações de China, Índia e Vietnã. E no mundo, diz ele, 99% do consumo de combustíveis líquidos são de fontes não-renováveis. Por isso, a ampliação da produção brasileira de etanol e biodiesel é uma grande oportunidade. Barros de Castro observou que normalmente uma revolução tecnológica (como essa que está ocorrendo com a substituição dos combustíveis fósseis pelos agroenergéticos) precisa inventar o mercado para seu produto. E esse problema não existe agora. Apenas no Brasil, a tecnologia dos carros "flex" garante demanda para o etanol pelos próximos cinco anos. Mas, além disso, a opção estratégica pelo setor de biocombustíveis (um dos que pode ganhar com o fenômeno China) abre oportunidades para outros segmentos da indústria, como a mecânica, a química, a automobilística, de software, além da farmacêutica. "Estes são setores que podem pegar carona nessa grande expansão de biocombustíveis", listou o diretor do BNDES.