05/11/10 16h08

País é o que mais sobe em índice global de qualidade de vida

Valor Econômico

O Brasil foi o país que mais subiu, entre 2009 e 2010, na escala do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgada ontem pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP, da sigla em inglês). O país galgou quatro postos em 2010, mas, apesar do crescimento destacado em relação ao resto do mundo no ano passado, está na mesma posição em que estava em 2005: 73ª, na lista de 169 países analisados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano. O relatório aponta uma melhoria generalizada nas condições de vida mundiais nos últimos 20 anos, à exceção de três países africanos.

Congo, Zimbábue e Zâmbia foram os únicos países que reduziram o índice de desenvolvimento humano em relação a 1970, segundo o relatório, que, pela primeira vez, faz um estudo sistemático das tendências e padrões de desenvolvimento humano em 135 países, que somam 92% da população mundial. O relatório também apresenta modificações no cálculo do IDH, índice que vai de zero a um - maior quanto mais alto o desenvolvimento do país, medido pelas condições de renda, saúde e educação. A média do IDH no mundo subiu de 0,57 em 1990 para 0,68 em 2010.

O indicador foi criado nos anos 90 para substituir índices ligados exclusivamente ao crescimento econômico, como o Produto Interno Bruto (PIB), até então adotados nas análises sobre desenvolvimento. Os responsáveis pelo IDH admitem que ainda há falhas, devido às profundas diferenças entre países e às dificuldades de traduzir em índices os diversos aspectos do bem-estar humano, mas defendem o indicador como elemento importante para orientar as políticas de desenvolvimento e a ação pública. Os autores do relatório concluíram, por exemplo, que não há ligação automática entre crescimento e melhoria das condições de saúde e educação, contrariando pressupostos de políticas tradicionais de desenvolvimento direcionadas ao crescimento econômico.

As limitações do índice são evidentes, quando se percebe que o Brasil, em 73º lugar, é considerado país de menor desenvolvimento humano que Trinidad Tobago (59º), o Panamá (54º) ou a Bielorússia (61º). O relatório deste ano tenta refinar os dados com a criação de outro indicador, o IDHA, que ajusta o IDH ao grau de desigualdade no país, reduzindo a pontuação de acordo com a desigualdade na distribuição de renda, serviços de educação e indicadores de saúde. Com o ajuste, o Brasil caiu 15% em relação ao IDH tradicional (que pode ser considerado como um índice potencial, do desenvolvimento humano médio, caso não houvesse desigualdade no país).

O relatório cita o Brasil ao mostrar que a evolução positiva das políticas sociais vem reduzindo a disparidade entre o IDH tradicional e o IDH ajustado ás desigualdades. Essa diferença, de 27,2%, era bem maior em 2000 (31%) e já havia caído, em 2005, para 28,5%. O Brasil foi um dos poucos países do mundo a reduzir a desigualdade, mostra o relatório. O principal motivo para a colocação do Brasil abaixo de países como Argentina, México ou Uruguai é o desempenho inferior em educação. O Brasil está entre os 25 países que subiram na lista do IDH. Outros 27 caíram e 116 ficaram na mesma posição do ano passado. Para captar melhor a situação dos países e refinar as políticas públicas, entre os indicadores criados neste ano está também o Índice de Pobreza Multissetorial, que leva em conta seis indicadores de acesso a bens e serviços.