País continua muito bem-visto lá fora
O Estado de São Paulo
O subsecretário do Tesouro, Paulo Valle, disse ontem que não encontrou os investidores estrangeiros arredios em relação ao Brasil durante o road show do qual participou na semana passada. Valle integrou o grupo do "Best Brazil: Excellence in Securities and Transactions Road Show", iniciativa que tem o propósito de divulgar o setor financeiro e os mercados de dívida e capital brasileiros para investidores, autoridades e imprensa estrangeiros.
Essa etapa envolveu visitas a Nova York (EUA) e a Toronto (Canadá). "O Brasil continua muito bem, continua muito bem-visto lá fora." Valle também diz que o Tesouro está com o caixa preparado para o maior vencimento de títulos públicos do ano. Em 1.º de julho vencem cerca de R$ 128 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTN), papéis prefixados.
Valle disse ainda que considerou pontual o resultado do leilão de Notas do Tesouro Nacional - série B de 22 de maio, no qual o Tesouro não efetivou a venda dos títulos ofertados para não chancelar o prêmio maior pedido pelos investidores na ocasião. Hoje o Tesouro volta a fazer nova oferta desse papel, mas Valle diz que está tranquilo. A seguir, trechos da entrevista:
Como está a recepção do investidor estrangeiro para títulos brasileiros no exterior? Tem espaço para uma emissão?
Tem espaço. Apesar das notícias da imprensa de que o Brasil perdeu um pouco da atratividade, eu acho que não. O Brasil continua muito bem, continua muito bem-visto lá fora. Logicamente, nessas duas, três últimas semanas, a volatilidade está muito maior por causa da situação europeia, que deve até melhorar hoje por causa das notícias do fim de semana.
Em relação à dívida interna, no dia 1º de julho haverá o maior vencimento do ano de papéis prefixados, as LTN. É de cerca de R$ 128 bilhões? Como o Tesouro se preparou para esse grande vencimento?
Acho que é um pouco mais, mas é dessa ordem de grandeza. E mantemos a estratégia que já adotamos há mais de dez anos, de ter um financiamento anterior. Mantemos em caixa de três a seis meses para cumprir os vencimentos. Isso já estava na nossa programação. Já estamos com dinheiro em caixa. Isso não vai gerar nenhuma mudança de mercado.
Nos últimos três meses, o vencimento de cupons de títulos da dívida foi bem pequeno, tranquilo, e o Tesouro colocou R$ 35 bilhões de títulos em um mês, R$ 40 bilhões no outro. Já era para se antecipar a esse vencimento de LTN?
Exatamente. Como estamos migrando de títulos flutuantes para títulos prefixados e atrelados a preços, há uma regra. No primeiro mês de trimestre, só vencem prefixados. No segundo mês, só vence NTN-B e no terceiro mês, as LFTs.
O Tesouro aumentará a oferta de algum papel específico para fazer frente a esse vencimento?
Não. Como eu disse, nosso planejamento é mais constante. Na média, fazemos ofertas lineares ao longo dos meses. Mas, em momentos de mais demanda, colocamos mais títulos. E, em outros de maior volatilidade, menos.