06/01/10 10h29

País captou US$ 38 bi no exterior em 2009

Valor Econômico

O total captado por governo, empresas e bancos brasileiros no exterior no ano passado chegou a US$ 38,5 bilhões, considerando-se os empréstimos sindicalizados (com a participação de vários bancos) e os títulos de dívida. O valor foi 68% maior do que os US$ 22,9 bilhões de 2008, de acordo com os números do Valor Data. O total do ano passado é o maior desde o recorde de US$ 48 bilhões em 2006, quando a Vale tomou o empréstimo de US$ 18 bilhões para comprar a canadense Inco. Excluído esse empréstimo da Vale, que distorceu os números de 2006, o valor de captações externas do Brasil foi recorde em 2009.

Os títulos de dívida lançados por emissores brasileiros foram de US$ 25,9 bilhões, um recorde histórico absoluto em um ano para o país. O valor chega a mais de três vezes os US$ 8,2 bilhões obtidos com os mesmos títulos em 2008, segundo o Valor Data. O aumento na emissão dos papéis mais do que compensou a queda de 17% nos empréstimos sindicalizados externos na comparação com 2008, para US$ 12,6 bilhões.

Para 2010, a expectativa é de que o mercado de eurobônus continue a todo vapor, pelo menos até março e abril, antes que as inevitáveis incertezas com as eleições presidenciais tragam instabilidade ao mercado. Além da transação de US$ 1 bilhão do BNDES por dez anos fechada ontem, estão previstas emissões do Banco do Brasil, do Marfrig e do Banco Votorantim. A ideia é aproveitar a sobra de liquidez agora, que poderá ser reduzida quando o Fed, banco central americano, e o Banco Central Europeu começarem a resgatar as linhas de mais longo prazo que colocaram no mercado.

"Um tipo diferente de investidor, de mais longo prazo, passou a se interessar pelos títulos brasileiros em 2009", revela Alexei Remizov, responsável pela área de mercado de capitais do HSBC. Segundo ele, os fundos de pensão, seguradoras e outros investidores mais avessos ao risco vieram atrás do que é considerado hoje um investimento seguro, como os títulos de renda fixa de empresas de primeira linha do Brasil.