20/03/08 11h16

País atrai Índia para investir em bioenergia

Valor Econômico - 20/03/2008

Dois grandes grupos indianos devem anunciar, na próxima semana, investimentos para produção de biocombustível no Brasil, durante visita do ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, à Índia. O anúncio, aguardado pelo governo brasileiro, faz parte do esforço do ministro para trazer ao campo dos negócios a forte aproximação política entre os dois governos. Quase um ano após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Nova Déli, os empresários brasileiros, mesmo os que farão parte da comitiva do ministro, ainda estão na fase de sondagem do mercado indiano. "O mercado indiano não é lugar em que se entra da noite para o dia; levamos quatro anos de conversas com a Índia para investirmos lá", diz o vice-presidente do conselho administrativo da Marcopolo, José Antônio Fernandes Martins, que servirá de cicerone à comitiva na visita à fábrica da Marcopolo e da indiana Tata Motors, na cidade de Lucknow, próxima a Nova Déli. Com chassis da Tata e carrocerias da Marcopolo, a fábrica já monta cem ônibus por mês, destinados ao transporte público da capital indiana. A fábrica atual, em instalações da Tata, é provisória, e os sócios planejam investir US$ 90 milhões na unidade já em construção em outra cidade próxima, Dharwad, onde, deverão ser fabricados de 15 mil a 20 mil ônibus por ano, praticamente duplicando a produção atual da Marcopolo. A timidez dos empresários brasileiros em relação à Índia pode ser explicada por incertezas do mercado local, somadas ao atraso na aprovação, pelo Congresso brasileiro, do acordo de redução de tarifas de importação assinado em 2004 entre os dois governos, segundo avalia a especialista Renata Palhano, do escritório de advocacia Guedes & Pinheiro. O acordo, que aguarda há quatro anos aprovação no Senado, é tímido, com pouco mais de 400 mercadorias de cada lado, na maioria com redução de menos de 20% nas tarifas de importação.