11/10/09 14h28

País agora atrai capital de melhor qualidade

O Estado de S. Paulo

A qualidade dos fluxos de capital para o Brasil deu uma forte melhorada entre 2007 e 2009. Atualmente, pelo menos nos dados até agosto, não há sinais de que estejam entrando liquidamente no País recursos de curto prazo em busca do diferencial entre as taxas de juros internacionais, mais baixas, e as do mercado doméstico - a chamada "arbitragem de juros". A constatação é do economista Luis Afonso Lima, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), e economista-chefe do grupo Telefônica no Brasil.

Segundo dados levantados por Lima na Sobeet, os fluxos estrangeiros líquidos para o Brasil nos 12 meses até agosto de 2009 são explicados praticamente na sua totalidade por capitais de longo prazo, não especulativos: investimentos estrangeiros diretos e captações de renda fixa de médio e longo prazos de empresas nacionais. "São contas que têm a ver com investimentos de longo prazo, seja em empresas existentes ou novas plantas, ou com a reestruturação de dívidas corporativas", diz o economista.

Esse padrão significa uma reviravolta em relação a 2007, quando mais da metade da entrada líquida de capitais era para comprar títulos de renda fixa brasileiros e para ações - ambos possibilitando ganhos de curto prazo. Para Lima, o fluxo de 2009 mostra que a arbitragem de juros deixou totalmente de ser um fator para explicar a inundação de dólares no Brasil.

Segundo os seus dados, os investimentos estrangeiros diretos nos 12 meses até agosto de 2009 atingiram US$ 36,3 bilhões, e os chamados "desembolsos de médio e longo prazos", correspondentes a captações de renda fixa de empresas brasileiras, chegaram a R$ 26,5 bilhões (US$ 14,7 bilhões). Já dentre os itens mais propícios aos ganhos rápidos e especulativos, nos 12 meses até agosto, houve investimentos líquidos em títulos domésticos de longo prazo e ações de R$ 6,6 bilhões (US$ 3,7 bilhões), que foram neutralizados pela redução (resgate líquido) de aplicações de curto prazo de US$ 6,7 bilhões. A Sobeet calcula, conservadoramente, que o aumento das reservas internacionais em 2009 e 2010, uma medida aproximada da entrada líquida de capitais no Brasil em 2009 e 2010, atingirá US$ 46,4 bilhões.