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Oxiteno e Dow apostam no conceito de biorrefinarias

Valor Econômico - 21/05/2007

A Oxiteno, do grupo Ultra, e a multinacional Dow já negociam com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiamentos para a instalação de biorrefinarias, um novo conceito de refinaria baseado em matéria-prima verde. A tendência de manutenção do preço do petróleo nos atuais patamares e a busca por matérias-primas não poluentes estão dando fôlego à indústria alcoolquímica. A biorrefinaria produz combustíveis e também outros derivados químicos de maior valor agregado. A gigante americana Dow Química diz oficialmente apenas que está "avaliando as oportunidades nesse mercado (alcoolquímico), mas, o Valor apurou com fonte do alto escalão do governo, a empresa já iniciou conversações com o BNDES para obter financiamento para mais de uma biorrefinaria. Elas seriam localizadas no Centro-Oeste ou em Minas Gerais. No conjunto, os investimentos poderiam alcançar US$ 1,5 bilhão. A biorrefinaria da Oxiteno já tem até projeto conceitual, elaborado por uma empresa sueca. Segundo Pedro Wongstchowski, presidente da empresa, em entrevista à revista científica "Inovação Unicamp", a unidade deverá produzir açúcares e álcool a partir de insumos hoje rejeitados, como bagaço, palha e pontas da cana-de-açúcar por meio de uma tecnologia chamada hidrólise ácida. A futura unidade vai também fazer etilenoglicol e propilenoglicol, produtos hoje fabricados pela Oxiteno, por uma tecnologia que utiliza hidrogênio para transformar açúcares (hidrogenólise). E fará outros produtos alcoolquímicos a partir de tecnologias não-convencionais. Prevista para operar em cinco anos, a biorrefinaria da Oxiteno deverá ser financiada pelo BNDES com recursos da linha de crédito para inovação. A rota das biorrefinarias está associada ao desenvolvimento da tecnologia de lignocelulose, uma técnica em desenvolvimento no mundo, especialmente nos Estados Unidos, com o objetivo de produzir etanol de sobras de produtos da biomassa, como bagaço e palha de cana, sabugo de milho, alguns tipos de capim e outras matérias-primas vegetais. Segundo o trabalho do BNDES, esses compostos orgânicos, hoje praticamente sem valor comercial, correspondem a cerca de 50% da biomassa terrestre. A disponibilidade de matéria-prima fóssil (nafta petroquímica e, mais recentemente, gás) a preços convidativos sempre inibiu o desenvolvimento dessa vertente da indústria do álcool. Agora, a pressão ambiental, a crescente escassez de petróleo e o desenvolvimento de tecnologias, na visão da técnica do BNDES, expande as atenções sobre o álcool além dos limites do seu uso como combustível.