20/11/12 16h39

Ourofino investe em nova unidade de vacinas em SP

Valor Econômico

Quando as discussões em torno da nova regulamentação da indústria veterinária ganharam corpo, no início dos anos 2000, o diretor industrial do grupo paulista Ourofino Agronegócio tinha dúvidas se aquelas regras não eram moldadas para atender os interesses das multinacionais que costumeiramente dominam o setor de saúde animal. Apesar dos muitos questionamentos, o engenheiro químico Dolivar Coraucci estava certo que a empresa da qual viria a se tornar presidente não sobreviveria numa instalação improvisada como aquela de Ribeirão Preto, formada por dez endereços e 18 portas para a rua.
 
Sem saída, a companhia fez o primeiro de uma série de investimentos e inaugurou, em 2005, uma das mais modernas fábricas de saúde animal do país no município de Cravinhos, na região de Ribeirão Preto. De lá para cá, a Ourofino recebeu um aporte do BNDES, ingressou no cobiçado mercado de vacinas contra febre aftosa e estreou na produção de defensivos. Agora, o grupo trabalha nos últimos detalhes para iniciar a construção de uma nova fábrica de vacinas, que receberá investimentos de R$ 50 milhões.
 
"Em três anos, seremos a segunda maior empresa de saúde animal do país", afirmou ao Valor o agora presidente da Ourofino, Dolivar Coraucci. Para atingir esse objetivo, a empresa terá de ultrapassar as "temidas" multinacionais americanas MSD Saúde Animal , braço veterinário da farmacêutica Merck, e Merial. A Ourofino só ficaria atrás da também americana Pfizer.
 
O executivo diz que a meta da Ourofino será alcançada em 2017, quando a divisão de saúde animal da companhia atingir um faturamento de R$ 500 milhões. O grupo deve fechar este ano com um faturamento de R$ 360 milhões em saúde animal, dos 70% em bovinos. Esse montante se soma à área de defensivos agrícolas, que atingirá R$ 230 milhões neste ano. Com isso, o faturamento total da Ourofino em 2012 será de R$ 600 milhões.
 
Fundada em 1987 pelos empresários Jardel Massari e Norival Bonamichi como uma distribuidora de medicamentos veterinários, a Ourofino tem na nova fábrica de vacinas um pilar fundamental para desbancar MSD e Merial. "Precisamos continuar nossa incursão nas frentes do mercado", afirma Coraucci.
 
O executivo lembra que a estratégia de participar em todas as áreas do setor de saúde animal foi deflagrada com a inauguração da fábrica de vacinas contra a febre aftosa, em 2010. "Não poderíamos ficar sem um produto tão importante", afirma ele.
 
A vacina é o principal produto das multinacionais e costuma representar um quinto do faturamento dessas companhia no Brasil. "Mas não seremos dependentes da aftosa", adverte o presidente da Ourofino. Com uma capacidade para produzir 60 milhões de doses por ano, a unidade de vacinas contra a aftosa representa cerca de 10% do faturamento do empresa em saúde animal.
 
Com a nova fábrica, a Ourofino entrará em outra fatia do mercado, ingressando na produção de vacinas contra doenças como crostidiose, que atinge bovinos, raiva, entre outras. "Nós precisávamos avançar em biológicos", diz o presidente da companhia.
 
A unidade de vacinas será construída no complexo de saúde animal da companhia, em Cravinhos e terá capacidade para produzir 50 milhões de doses. O investimento de R$ 50 milhões serão financiado com recursos do BNDES, que detém 20% do capital da empresa, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do próprio caixa da veterinária. O BNDES fará o principal aporte.
 
O avanço da Ourofino nos próximos anos também contará com a ajuda de uma concorrente. Em situação similar à vivida pela empresa paulista nos início dos anos 2000, a fábrica da MSD Saúde Animal de vacinas contra aftosa está paralisada por conta das novas exigências de biossegurança adotadas em março, conforme já informou o Valor. Com isso, a Ourofino ganhará espaço. O parque industrial brasileiro de vacinas contra a febre aftosa trabalhava com uma capacidade instalada superior a demanda. "No ano passado, acho que conseguimos não levar prejuízo. Mas a tendência é que os preços da vacina agora subam", diz o presidente Dolivar Coraucci.