27/08/10 14h29

Ourofino fará vacina inédita em São Paulo

Valor Econômico – 27/08/10

A brasileira Ourofino Agronegócios vai construir um novo laboratório para produtos biológicos com objetivo de fabricar sua nova vacina contra fasciolose hepática, doença que atinge bovinos e ovinos. Serão investidos R$ 30 milhões (US$ 17,1 milhões) para erguer a nova estrutura, que ocupará uma área dentro do terreno da empresa, no município de Cravinhos, em São Paulo. A doença, bastante presente nos rebanhos da região Sul do país e no Pantanal, é causada por um verme e transmitida por um caramujo, que funciona como hospedeiro, e é encontrado em áreas próximas a rios e de umidade elevada. A doença provoca lesões no fígado de bovinos e ovinos, resultando na perda de peso dos animais para corte e queda na produção do rebanho leiteiro.

Essa é a primeira vacina contra a doença no mundo e sua tecnologia e patente foram adquiridas pela Ourofino a partir da aquisição da Alvos Consultoria, no início de agosto. A consultoria era uma empresa de fomento que detinha licença de uso da tecnologia, que foi desenvolvida e patenteada pela Fiocruz desde 2005. "A FAO [braço para agricultura e alimentação da ONU], estima que a fasciolose seja responsável por gastos de US$ 3 bilhões com tratamentos e perdas na produção", afirma Carlos Henrique Henrique, diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Ourofino, no mundo. Segundo o executivo, a doença não tem cura e quando os animais são infectados passam a receber o tratamento. Depois de curados acabam se infectando novamente, pois as larvas do verme continuam sendo depositadas na pastagem pelo hospedeiro.

Com a vacina, que deverá chegar ao mercado em até dois anos, a expectativa é controlar a doença e fornecer resistência aos animais. Segundo Henrique, hoje, o tratamento precisa ser feito a cada dois meses, prazo para cura e nova contaminação. Com a vacina, seriam feitas duas aplicações por ano, dano imunidade de seis meses aos animais. "Na região Sul existem cerca de 30 milhões de cabeças entre bovinos e ovinos, mas o mercado fora do Brasil é muito grande. Países da Europa, Austrália, Argentina e Uruguai têm grande demanda por um produto como esse", afirma Henrique. O diretor disse que a empresa ainda não determinou o valor de cada dose, mas que pode tanto fabricar para atender o mercado doméstico, quanto licenciar o uso da proteína presente na vacina - SM 14 - para que a produção ocorra em outros países com laboratórios parceiros.