30/09/09 10h38

Otimismo volta ao setor produtivo, diz Ipea

Valor Econômico

O setor produtivo está recuperando a confiança na retomada econômica do país no pós-crise. Essa percepção foi captada pela primeira vez pelo Sensor Econômico, indicador de qualidade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que mede as expectativas de 75 entidades ligadas à produção e ao trabalho em relação à economia brasileira.

O indicador atingiu 23,2 pontos em agosto, passando de uma zona de apreensão para uma zona de confiança, de acordo com a escala do Sensor Econômico, que vai de menos 100 (pessimismo) a mais 100 (otimismo). A zona de confiança situa-se entre mais 20 a mais 60. "Foi a primeira vez que o indicador ultrapassou a faixa dos 20 pontos", comemorou Valdir Melo, pesquisador da diretoria de Macroeconomia do Ipea. Até agora, os pontos apurados nos meses anteriores não iam além de zero. O que o resultado indica, explicou Melo, é que os agentes econômicos melhoraram as projeções em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e à produção da indústria, atividade do comércio e da agropecuária.

João Sicsú, diretor de Macroeconomia do Ipea, acha que as expectativas dos agentes econômicos levantadas pelo Sensor refletem a realidade. "A taxa de desemprego tem caído, o número de trabalhadores com carteira assinada somou 242 mil novos empregos em agosto, o PIB do segundo trimestre cresceu 1,9% ante o primeiro. Esses dados macroeconômicos mostram que a economia brasileira saiu da crise e está numa fase de recuperação consistente". Sicsú prevê um segundo semestre bem melhor do que o primeiro e projeta um crescimento em torno de 1% para o PIB este ano.

O Sensor é um indicador novo que entrou para as pesquisas do Ipea em janeiro, no auge da crise, e está acompanhando a virada, como destacou o pesquisador Valdir Melo. A pesquisa do Sensor, que permite divulgar resultados mensais, levanta a opinião dos entrevistados sobre as contas nacionais (PIB e exportações), sobre os parâmetros econômicos que envolvem indicadores macros, como o câmbio, juros, taxa de inflação e crédito, desempenho das empresas e aspectos sociais (massa salarial, pobreza e violência).