25/03/08 11h27

Os interessados estão apreensivos

Gazeta Mercantil - 25/03/2008

A um dia para a realização do leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), aumentam as dúvidas sobre o destino da maior geradora de energia elétrica do País. A lei do silencio está mantida e apenas analistas de mercado arriscam palpites sobre o sucesso do leilão. "Hoje as empresas interessadas estão fazendo as contas, porém, o que mais preocupa, não são as condições técnicas dos ativos, mas sim a concessão das usinas", disse uma fonte que não quis se identificar. A Cesp tem uma dívida declarada de R$ 6,3 bilhões (US$ 3,6 bilhões). Além disso existem pendências trabalhistas e questões ambientais. E, para tornar o cenário ainda mais crítico, o governo federal já declarou que não vai renovar as concessões das usinas hidrelétricas, Jupiá (1.551 megawatts) e Ilha Solteira ( 3.444 MW). Ontem, a té o fechamento dessa edição, entre os cinco grupos que demonstraram interesse nos ativos da Cesp, apenas a Companhia Paulista de Força e Luz Energia(CPFL), segundo declarações de seu presidente, Wilson Ferreira Junior, havia depositado as garantias financeiras - o prazo será encerrado hoje ao meio dia. A CPFL controla três distribuidoras de energia elétrica, tem um parque gerador com 21 usinas, quatro obras em andamento e capacidade de 1.501 MW. Já a grupo português, Energias do Brasil, segundo sua assessoria, ainda está analisando os números e estudando a possível participação no leilão da Cesp. Controlada pela Energias de Portugal, a holding tem 17 usina com capacidade instalada de cerca de 900 MW, controla duas distribuidoras e uma comercializadora de energia elétrica. Na Tractebel, segundo seu presidente, Manoel Arlindo Zaroni Neto, a participação no leilão ainda não está definida. "As concessões estão em discussão. Nossas incertezas continuam já que o preço está muito alto", disse. Controlada pelo grupo franco-belga, Suez, a Tractebel tem seis hidrelétricas, três usinas térmicas e um complexo termelétrico formado por três unidades com capacidade de 5.918 MW, além de duas hidrelétricas em construção com potência instalada de 1.328 MW. Já a Neonergia, controlada pela espanhola Iberdrola,deve se manifestar hoje sobre sua eventual participação no leilão. A empresa opera uma termelétrica com potência de 970 MW e está desenvolvendo vários projetos hídricos e térmicos no País. A Alcoa, empresa americana auto-suficiente e que tem participação em duas hidrelétricas em operação e mais duas em construção, também avalia se entra ou não nesta disputa. O superintendente de relações com investidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Agostinho Faria Cardoso, disse que a estatal ainda não definiu se fecha consórcio para sua participação. "A concessão de usinas da Cesp é uma questão nacional. O governo federal terá que tratar muito bem desse assunto", disse, referindo-se ao fim do prazo de concessão das usinas de outras empresas, como da própria Cemig, Copel e das empresas do grupo Eletrobrás."O leilão da Cesp só está antecipando esse debate já que as concessões dessas empresas vencem em 2015".