Oracle inicia operação com Sun no Brasil
Valor Econômico
Quinze meses depois da Oracle anunciar a compra da Sun, as empresas começaram a operar de forma conjunta no Brasil. Desde o dia 1º de julho os profissionais das duas empresas estão trabalhando juntos no prédio na zona sul de São Paulo onde fica a sede da Oracle. As primeiras semanas estão sendo de adaptação a uma realidade à qual a Oracle não estava acostumada: a venda de hardware. "É um negócio diferente, com uma logística que a Oracle não conhecia. Mas já começamos com tudo funcionando bem", diz Cyro Diehl, presidente da companhia no Brasil. Com o processo de integração concluído, a Oracle pretende colocar em prática no país a estratégia de oferecer aos clientes pacotes que incluem hardware, software e serviços. "As empresas não aguentam mais o custo de manter estruturas de tecnologia da informação (TI) com peças de diferentes fornecedores", diz.De acordo com o executivo, três setores estão entre os mais importantes para a companhia: varejo, telecomunicações e, principalmente, os bancos. Ao contrário da Oracle, a Sun tem uma presença muito forte no setor financeiro e a Oracle quer se valer disso. "Os bancos estão abrindo mais espaço para os pacotes de produtos em detrimento dos sistemas desenvolvidos internamente por conta do processo de internacionalização, que exige uma velocidade muito grande na tomada de decisões", diz o Diehl.
A estratégia da Oracle de oferecer pacotes integrados e não só as partes que compõem um ambiente de TI começou a tomar forma em 2005. Segundo a Oracle, a abordagem permite que os sistemas sejam mais confiáveis, já que não exigem a integração com componentes de outros fornecedores. Em 10 anos, a Oracle comprou 67 empresas. O negócio com a Sun foi o primeiro com um fabricante, o que gerou dúvidas entre especialistas e clientes. Acreditava-se que a Oracle poderia deixar de lado a parte do hardware e manter apenas as patentes da Sun na área de software. Segundo Diehl, isso afetou a operação da companhia em todo o mundo, especialmente no Brasil.
"Os concorrentes aproveitaram a oportunidade para ganhar mercado. Os funcionários da Sun chegaram à Oracle bastante abatidos", afirma. Em duas semanas de atividade conjunta, Diehl afirma que o quadro já é bastante diferente. A estimativa do presidente é de que ao menos metade dos contratos que Oracle e Sun atendiam separadamente são clientes das duas empresas. As revendas de produtos Sun também sofreram com as incertezas. Para eliminar as dúvidas, a Oracle realizou um evento para as revendas na primeira semana de julho. A mensagem transmitida foi a de que além de Sun, eles poderiam começar a trabalhar também com produtos Oracle. A rede de parceiros da companhia conta hoje com 650 empresas, segundo Diehl.