26/05/10 11h19

Operadoras virtuais podem gerar US$ 1,03 bi

Valor Econômico

As operadoras virtuais de telefonia móvel (MVNOs, na sigla em inglês) podem gerar negócios de R$ 1,8 bilhão (US$ 1,03 bilhão) nos primeiros cinco anos de funcionamento do sistema no Brasil. No mesmo período, o número de assinantes pode chegar a 9 milhões. As estimativas da consultoria Signals jogam luz sobre um dos temas que têm gerado mais discussão no mercado de telecomunicações nos últimos meses: a possibilidade de empresas que não operam em telefonia móvel entrarem no setor por meio da compra de capacidade de rede das companhias já estabelecidas.

A regulamentação para o modelo está sendo feita pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A agência avalia as 364 contribuições feitas por operadoras, empresas, órgãos do governo e instituições de defesa dos direitos dos consumidores feitas durante a consulta pública. A expectativa é de que o texto final seja publicado ainda este ano. Mas o tema ainda gera desconfiança nas operadoras, que temem a perda de receita e clientes. Segundo José Otero, presidente da Signals, a canibalização não aconteceu em nenhum país onde as operadoras virtuais entraram em funcionamento. "As operadoras têm que considerar as MVNOs como parceiras, uma nova oportunidade de receita", diz.

Mesmo desconfiadas, as teles estão avaliando o potencial do modelo. "Todas [as operadoras] estão olhando detalhadamente o que temos a oferecer", diz Renato Osato, diretor da Amdocs, empresa que desenvolve sistemas para operadoras de telefonia móvel. O modelo não é desconhecido para as companhias, diz Otero. Das quatro empresas que lideram a telefonia móvel no Brasil, três têm experiência com operadoras virtuais por meio de suas controladoras. Telecom Italia, Telefónica e América Móvil compram ou oferecem sua infraestrutura para outras companhias na Europa, na América Latina e nos Estados Unidos. De acordo com a consultoria Informa Telecom & Media, existem 550 operadoras virtuais em funcionamento no mundo. Apenas 20 estão em funcionamento na América Latina. Até 2013, o crescimento composto anual do setor será de 28%, chegando a 6,6 milhões de assinantes. Liudvikas Andriulis, diretor de marketing da companhia belga Effortel, estima que a margem bruta (vendas menos custos) pode chegar a 80%, uma rentabilidade interessante para o setor.

A Effortel é uma das interessadas no mercado de operadoras virtuais no Brasil. Ela funciona como um intermediário entre a operadora original e sua parceira. Atividades de cobrança e relacionamento com clientes ficam a cargo da companhia. Entre outros clientes, a Effortel cuida da operação de telefonia celular do Carrefour em quatro países: Bélgica, Itália, Polônia e Taiwan. Segundo o executivo, o varejo tem especial interesse no modelo por se tratar de uma fonte que continua a gerar receita mesmo depois que as lojas físicas fecham no fim do dia. "É uma estratégia de marca própria como a de comida, mas com uma margem que pode ser ainda maior", diz Andriulis.

O executivo cita exemplos de como o modelo está sendo usado pelo Carrefour no exterior. Com o chip sendo vendido dentro das lojas da rede, o custo de adicionar um cliente é praticamente zero. No momento da compra, o cliente ainda pode ganhar créditos de minutos dependendo do valor da compra. "E as pessoas acabam levando mais algumas coisas pra ganhar mais [minutos]", diz.