Olhos abertos para as oportunidades
Mercado óptico brasileiro atrai redes internacionais e ainda tem espaço para crescer. Segundo dados da Abióptica, o setor vai faturar R$ 24,2 bilhões esse ano – alta de 5%
Brasil EconômicoEm tempo sem que os nerds ascenderam na cadeia social e os óculos se firmaram como acessório de moda, não é de se estranhar que o gasto médio per capta, ainda que em suave prestações, seja de R$ 348 para óculos de sol e de R$ 296 para os de correção — em volume, a média são duas unidades por ano per capta. O mercado óptico no Brasil tem previsão de crescimento de 5% no faturamento este ano, chegando a R$ 24,2 bilhões.
O Brasil é a bola da vez de redes internacionais que miram o país como mercado potencial de consumo e também de fabricantes, que já estão instalados ou estudam a entrada no Brasil com unidades de produção para cortar da conta o peso da importação.
De redes de franquias a marcas regionais, a oferta de produtos com linhas próprias e grifes internacionais ainda tem uma vasta trajetória de crescimento, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abiópitca), Bento Alcoforado.
“Esse movimento vem acontecendo, inicialmente de forma mais tímida, desde 2010. E foi naquele ano que, em uma feirado setor em Paris, que o mercado sul americano e especificamente o Brasil foram apontados como a bola da vez para a indústria e o varejo”, lembra Bento.
Segundo ele, com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 100 milhões de pessoas que precisam de óculos mas somente 36 milhões fazem a correção visual.
“Olhando apenas por esse ângulo, já seria um mercado suficientemente grande para atrair grandes empresas. A maior indústria do mundo, a italiana Luxóttica, dona da RayBan, comprou a planta da Tecnol, de Campinas, para produzir óculos no Brasil. E logo depois colocou a sua unidade de varejo, a Sunglasses Hut por aqui, diante do sucesso de marcas.
Outra Italiana, a Safilo, também está se movimentando para fabricar no Brasil”, detalha Alcoforado.
Para ele, com a inserção de grifes No mercado brasileiro, a oferta de mais produtos e o aumento da concorrência vão contribuir para o aumento do consumo, que, no Brasil tem 87% concentrados nas classes B e C. Mas será preciso conquistar o cliente.
“O usuário de produtos ópticos não se comporta apenas como consumidor, ele tende a construir uma relação de confiança com o varejista. Ele gosta de redes de óticas conhecidas, tanto em lojas de rua quanto de shoppings. As redes regionais são muito valorizadas por essa relação de confiança. Pelos dados da Abióptica, existem ao todo 86 redes varejistas de óculos no Brasil, a maior delas regionais”, enumera ele.
A NYS Collection Eyewear, marca norte-americana de óculos de sol e grau com 18 anos de mercado e cerca de 1.500 pontos de
venda em40 países no mundo todo, está ampliando sua presença no Brasil com um plano de expansão por franquias. Com vendas anuais em torno de 12 milhões de unidades em todo o mundo, a chegada ao país começou literalmente pelo aeroporto, coma abertura de lojas próprias. A marca só vende os produtos fabricados por ela e o preço médio é de R$ 185 por um óculos e R$ 285 para a compra de dois pares.
De olho no potencial de consumo dos brasileiros, a empresa cogita, além da venda de sua linha própria de óculos, a fabricação dos produtos no Brasil, em um segundo momento, diz Cristiane Capella, diretora da empresa no Brasil.
“Nossa marca tem fábricas concentradas na Ásia, em países como Vietnã, Japão e China. Os produtos são distribuídos nos países onde temos operações. No caso do Brasil, como os custos de importação são altos, não descartamos implantar uma unidade de produção aqui .A marca vê o Brasil como um mercado importante, onde o consumo de óculos também como acessório vem crescendo. Nosso foco está na população das classes B e C”, diz ela. A previsão da NYS é que, em2020, o Brasil represente 10% das vendas mundiais. Para isso, projeta a abertura de 200 lojas franqueadas no mesmo período.
Gustavo de Freitas, diretor de expansão da rede Mercadão dos Óculos, pretende abrir mais 40 unidades franqueadas esse ano. A marca já tem 45 lojas em funcionamento em todo o Brasil. Freitas
aposta que o mercado tem mais um perfil de compra por necessidade do que por nicho de moda.
“Este mercado é de primeira necessidade, e por isso mesmo, cresce mesmo em tempos de crise. Há um mercado potencial no
Brasil de 60 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência visual e não sabem ainda. Por isso, é importante estar nos lugares certos com um ponto de venda”, diz ele.
Freitas afirma que a demanda por produtos do mercado ótico é equilibrada no interior e capitais. E que a concorrência tem se tornado cada vez mais acirrada. “Lógico que a concorrência é superior nas capitais, com um público maior e com mais opções. Porém o interior também tem um público exigente e que procura produtos de qualidade que nem sempre estão disponíveis, por isso, a concorrência deve se acirrar no interior”, acrescenta ele.
No mercado desde 1992 e fundada no Maranhão, a Óticas Diniz, hoje com 850 lojas franqueadas, quer chegar a números que se assemelham, em tamanho no franchising, ao demarcas de fast food. Segundo o presidente da empresa, Arione Diniz, a meta é chegar a mil lojas até 2016. “O direcionamento estratégico para o futuro é melhorar constantemente os serviços, atendimento e definição do mix de produtos, fundamentais para construir nossa marca”, afirma ele.