27/05/10 12h05

Oferta de especiarias cresce e se sofistica

Valor Econômico

Os brasileiros não costumam entrar num supermercado pensando em comprar temperos. A crença é de Nelusko Linguanotto Jr., da Bombay, cuja família tem mais de 30 anos de experiência na produção de especiarias. Ao que tudo indica, no entanto, esse hábito está mudando. É a única maneira de explicar o mercado crescente e aquecido, no qual marcas novas, embaladas com sofisticação, ganham espaço cada vez maior. Basta um passeio pelo corredor de temperos dos supermercados para perceber que o reino das especiarias está em plena efervescência. Resultado evidente do crescimento do mercado gastronômico como um todo. Entre as novidades há produtos nacionais e importados, de diversas procedências.

O forte da Bombay, cuja linha soma 170 especiarias e 40 pimentas, é o mercado de hotéis e restaurantes, o chamado "food service", do qual a empresa é uma das líderes. Até pouco tempo, a marca tinha apenas uma loja no bairro dos Jardins, em São Paulo, voltada para o varejo. Em fevereiro, abriu um quiosque no Morumbi Shopping e já planeja mais três nos próximos meses, todos em shoppings: Higienópolis, Anália Franco e Iguatemi de Campinas. Em cada quiosque há dois funcionários para explicar o uso adequado das especiarias. Fiel à tese de que ninguém entra no supermercado para comprar temperos, Linguanotto vai abrir, em breve, a franquia dos quiosques - um modelo de negócio que, segundo ele, tem sido procurado por gente de todo o país.

Uma das marcas que chama mais atenção pelas embalagens é a sul-africana NoMU. A criadora da marca, Tracy Foulkes, decidiu desenvolver uma linha de temperos gourmet, sem corantes ou conservantes, que possibilitasse o preparo de pratos típicos de vários países. Surgiram, então, os "rubs", mistura de temperos indianos, marroquinos, mexicanos. A NoMU - que também está no Chile - desembarcou aqui por intermédio da Latinex Internacional, de Curitiba, empresa de Eduardo Moraes. A resposta do público tem sido boa o suficiente para que os lançamentos continuem. "Escolhemos o nicho do nicho, um público muito seleto, que viaja, tem contato com outras culturas e quer novidades", diz Moraes. Animado pelo que define como "resposta fantástica do mercado", ele projeta aumento de 30% a 40% no faturamento neste ano.

A época também é de comemorações para o ex-estudante de gastronomia da Le Cordon Bleu, Filipe Baccarin. Decidido a provar que temperos secos também podem ter sabor - a opinião generalizada é que os frescos são incomparáveis -, ele montou, no fim de 2009, uma linha de especiarias orgânicas e ecológicas em Piracaia (SP). A partir deste mês, os produtos serão vendidos nas lojas top do Pão de Açúcar em várias capitais do país. A parceria entre o Pão de Açúcar e a marca "Filipe Baccarin - art et gastronomie" representa um aumento na produção de 10 para 25 quilos semanais. "Agora preciso pensar em escala", diz ele, ao ressaltar a diferença de seus temperos.