28/05/09 11h50

Odebrecht recebe US$ 476 milhões para investir na D. Pedro

Valor Econômico - 28/05/2009

O banco Santander libera hoje a primeira parcela de R$ 370 milhões (US$ 173,2 milhões) de um empréstimo-ponte de R$ 1 bilhão (US$ 476 milhões) para a concessionária da rodovia Dom Pedro, a Rota das Bandeiras, iniciar os investimentos no trecho. Mais cara das rodovias licitadas pelo governo paulista no fim do ano passado, a Dom Pedro exige investimentos totais de R$ 2,4 bilhões (US$ 1,1 bilhão) ao longo da concessão, de 30 anos, além do pagamento de R$ 1,3 bilhão (US$ 619 milhões) em outorga em 18 meses - exatamente a duração do empréstimo-ponte.

De acordo com o Santander, líder do consórcio de cinco bancos envolvidos no negócio, foi a primeira vez no Brasil em que um empréstimo-ponte para uma concessão foi organizado como um "project finance", ou seja, totalmente lastreado na receita futura do empreendimento. Com isso, não houve a necessidade de garantias corporativas dos sócios do negócio - no caso, a Odebrecht -, reduzindo o peso do empreendimento no balanço da construtora.

A previsão da concessionária é de que até setembro as sete praças estarão funcionando, o que dará à Dom Pedro pelo menos três meses de receita plena antes do ano que vem, quando será publicado o primeiro balanço da empresa. O plano é chegar ao fim dos 18 meses do empréstimo- ponte com um ano de geração de caixa para negociar uma linha de crédito de longo prazo, para cobrir o empréstimo e ainda financiar o restante dos investimentos previstos no projeto.

De acordo com o presidente da Rota das Bandeiras, a previsão é de que R$ 1,2 bilhão dos R$ 2,4 bilhões (US$ 571/1,1 bilhão) em investimentos fixados no edital serão realizados nos primeiros seis anos da concessão. Os principais investimentos envolvem a duplicação de dois trechos de vias vicinais assumidos pela empresa, o prolongamento do anel viário de Campinas e a construção de uma nova perimetral em Itatiba.

A linha de longo prazo que financiará parte desses projetos também está sendo assessorada pelo Santander. A idéia é obter uma linha do BNDES, mas o banco está analisando outras possibilidades, como linhas oficiais internacionais - Banco Mundial ou Bid - e mesmo captação no mercado privado. O tamanho da linha de longo prazo dependerá ainda da capacidade de geração de caixa que for registrado na rodovia. Ao longo de 2008, a Dom Pedro registrou um aumento de 14% no fluxo de automóveis, mas houve retração com a chegada da crise, como em outras rodovias.