30/06/10 10h27

Obras públicas têm expansão de 80%

O Estado de S. Paulo

Os gastos do governo tiveram uma significativa mudança de perfil nos cinco primeiros meses de 2010. Enquanto em igual período do ano passado os investimentos cresciam a um ritmo muito semelhante ao dos gastos com pessoal, neste ano, o governo pisou forte no acelerador e levou as obras públicas para uma expansão de 80%, quase dez vezes mais do que os 8,4% de crescimento da folha de pagamentos do funcionalismo.

Além dos investimentos, o aumento dos benefícios previdenciários também teve forte peso nos aumentos das despesas este ano. Dos R$ 39,8 bilhões (US$ 22,1 bilhões) de expansão das despesas de janeiro a maio, R$ 12,1 bilhões (US$ 6,7 bilhões) foram com pagamento de aposentadorias e pensões, em função do reajuste do salário mínimo e dos benefícios acima do piso, além da ampliação dos beneficiários.

Por outro lado, os investimentos pagos tiveram aumento de R$ 7,4 bilhões (US$ 4,1 bilhões) no mesmo período, saltando de R$ 9,2 bilhões (US$ 4,7 bilhões), de janeiro a maio de 2009, para R$ 16,7 bilhões (US$ 9,3 bilhões) este ano. A recuperação das receitas é que tem sustentado a expansão dos gastos públicos. Enquanto, de janeiro a maio de 2009, as receitas do governo apresentavam queda de 0,8%, no mesmo período deste ano houve um aumento de 17,9%.

O crescimento dos investimentos também provocou uma mudança na dinâmica do resultado primário do governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) com o registro de déficit em meses que tradicionalmente apresentavam resultados positivos. As contas do governo central apresentaram déficit primário de R$ 509,7 milhões (US$ 283,2 milhões), o pior dos últimos 11 anos para meses de maio. Os superávits elevados de janeiro (R$ 13,9 bilhões / US$ 7,7 bilhões) e abril (R$ 16,6 bilhões / US$ 9,2 bilhões) compensaram as contas vermelhas dos outros três meses.

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que a tendência é que o resultado das contas do governo central em junho seja positivo. "A tendência é que seja positivo, mas um número normal. Não se esperam grandes emoções", disse. Augustin previu que o aumento dos investimentos é forte e deverá continuar assim até o fim do ano. Segundo o secretário, os investimentos devem fechar o ano entre 1,3% e 1,5% do PIB. Em 2009, os investimentos pagos ficaram pouco acima de 1% do PIB.